Justiça

Chacina de Unaí: segundo dia de julgamento acontece nesta quarta-feira, em BH

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
25/05/2022 às 07:00.
Atualizado em 25/05/2022 às 07:40
Antério Mânica, acusado de ser o mandante da chacina de Unaí, volta a ser julgado. (Gabriel Rezende / Hoje em Dia)

Antério Mânica, acusado de ser o mandante da chacina de Unaí, volta a ser julgado. (Gabriel Rezende / Hoje em Dia)

O segundo dia do júri popular para julgamento de Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes do caso que ficou conhecido como Chacina de Unaí, em 2004, acontece nesta quarta-feira (25), na Sede da Justiça Federal, no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O crime ocorreu em janeiro de 2004, quando três fiscais do trabalho, que investigavam denúncias de trabalho escravo na região, e o motorista que os acompanhava foram assassinados em uma emboscada.

Mânica chegou a ser condenado a 100 anos de prisão, em novembro de 2015, pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Minas Gerais. Ele foi considerado culpado do crime de quádruplo homicídio, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante paga e sem possibilidade de defesa das vítimas.

No entanto, em novembro de 2018, a Justiça anulou a condenação por insuficiência de provas e determinou a realização de novo julgamento. Os depoimentos começaram nessa terça-feira (24), e o julgamento deve se estender até a próxima sexta-feira (27).

No primeiro dia de julgamento, testemunhas de acusação prestaram depoimentos, entre elas, o delegado aposentado Wagner Pinto de Souza, que participou das investigações por seis meses. 

Nesta quarta-feira, a audiência segue com novos depoimentos. Ao todo, 14 testemunhas de acusação, sendo dois réus colaboradores, e seis testemunhas de defesa serão ouvidas. 

Relembre o caso

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí. 

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como chacina de Unaí.

As primeiras prisões envolvendo o caso só ocorreram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime. A sentença deles saiu em 2015, com cada um sentenciado a cumprir 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica. 

Em virtude da anulação, o ex-prefeito terá que ser submetido a novo julgamento, que deve acontecer nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

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