'Com a crise, o povo perde até a sede', diz ambulante próximo a local de provas do Enem

Elemara Duarte - Hoje em Dia
24/10/2015 às 22:38.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:12
 (Hoje em Dia)

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“Xis, não, crise!”, disse a vendedora ambulante de água mineral Aparecida dos Reis, sob um calor de mais de 30 graus centígrados, em frente da PUC Minas, no bairro Coração Eucarístico, região Noroeste de BH, um dos pontos de realização de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em BH, neste sábado (24). Com a frase, Aparecida respondeu a um colega que a pediu para sorrir para fazer a foto do jornal. 

Por causa das poucas vendas, mesmo com o calor intenso, a vendedora, vários colegas dela e outros vendedores de alimentos posicionados em frente da instituição tiveram que voltar com o volume de produtos quase intacto para casa no primeiro dia de provas do Exame. Aparecida veio a pé do bairro Cabana, Região Oeste, empurrando o carrinho de isopor com 50 unidades de bebidas e dois fardos, um de salgadinhos e outro de pipoca doce. “Comi um salgadinho e vendi dois. Bebida, não vendi nada”.

Informações do Centro de Climatologia TempoClima da própria universidade indicam que no sábado, os termômetros chegaram a marcar 31,2 graus centígrados na capital. A previsão para domingo (25) é de mais calor, mas com chuva em BH.

 

Aparecida veio do Cabana à pé para tentar algumas vendas, mas sem sucesso

 

Vendedor de água mineral e de refrigerante, Adão Sérgio também atribui à malfadada “crise” a situação com raras vendas. “Com a crise, o povo fica sem dinheiro e parece que perde até a sede”, reclamou, ao lado das duas caixas cheias de produtos e gelo, já no final da tarde. O ambulante disse que das centenas que trouxe, não conseguiu vender 20 unidades de bebidas.

“Calor tem. Mas vender que é bom...”, acrescentou o vendedor de picolés José Nilton. Certo de que o calor ia lhe trazer muitos clientes, ele trouxe cem picolés, mas vendeu apenas 15 - cada um por R$ 2, durante todo dia de trabalho no ponto.

No final da tarde, enquanto falava ao jornal, chegaram três clientes, que perguntaram o preço dos picolés. José Nilton informa, mas elas desistem. Ele as chama de volta e abaixa o valor da unidade para R$ 1,50. As três estudantes reviraram as bolsas, contaram as moedas e resolveram levar. "Eu teria ganhado mais se tivesse ficado em casa", cogitou o vendedor, com desânimo, depois que as três se foram.

No carrinho de cachorro-quente, o vendedor Jalderson Lopes também lamentou o prejuízo. Ele diz que chegou no local às 6h para marcar a vaga e, aproximadamente 12 horas depois, já no final das provas, ele tinha vendido apenas 15 sanduíches, cada um a R$ 5. Já o refrigerador do carro estava praticamente intacto. “Pensava em vender, no mínimo 60 unidades. No ano passado, no Enem e no vestibular, vendi 80 unidades por dia no mínimo”, compara.

Ainda conforme o plantão do TempoClima PUC Minas, a temperatura em BH, neste domingo pode aumentar ainda mais, chegando a 32 graus centígrados. Ou seja, mais sede para os participantes do Enem. Em Contagem, há previsão de que os termômetros marquem 34 graus centígrados e em Betim, 33. Há previsão de pancandas de chuvas para o final da tarde em toda Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

ÁGUA, BERMUDA E CHINELOS SÃO PERMITIDOS

Para os estudantes mais encalorados, na página do Enem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação dizem o que é permitido durante as provas:

Como devo me vestir nos dias das provas? Posso ir de short? Posso usar chinelos?

Vá com uma roupa confortável. Short, bermuda e chinelos são permitidos.

Que acessórios posso utilizar: boné, relógio, celular?

Não é permitido utilizar óculos escuros, relógios, nem artigos de chapelaria – boné, chapéu, viseira, gorro e similares.

Posso levar comida e água?

Pode. Água e comida não são proibidas.

Fonte: enem.inep.gov.br/duvidas-frequentes.html

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