Corais, jabutis e até cobra: apreensões inusitadas marcam combate ao tráfico de fauna no BH Airport
Intensificação da vigilância no terminal tem revelado tentativas cada vez mais ousadas de passageiros

Corais marinhos e um peixe em sacos plásticos, jabuti escondido na cintura de um passageiro de cadeira de rodas, caranguejos-uçá transportados em período de reprodução e até uma cobra da espécie norte-americana corn-snake descartada na lixeira. Essas são algumas das apreensões recentes, e inusitadas, registradas no combate ao tráfico de animais silvestres no BH Airport, em Confins.
Os flagrantes foram encaminhados ao Ibama, responsável pelas providências legais. A intensificação da vigilância no terminal tem revelado tentativas cada vez mais ousadas de transporte ilegal de espécies - uma das principais causas de perda da biodiversidade no Brasil.
Segundo o biólogo do aeroporto, Evandro Amato, o diferencial está no treinamento da equipe. “O mais importante é treinar o olhar da inspeção. O agente que antes só se preocupava em interceptar drogas ou armas, hoje também enxerga possíveis casos de tráfico ambiental. Nosso trabalho é garantir que esse tipo de crime não passe despercebido”, explicou.
Desde 2022, o aeroporto integra o pacto global United for Wildlife, apontado pelo príncipe William, que reúne setores de transporte no enfrentamento ao tráfico de vida silvestre. A adesão trouxe capacitações, campanhas educativas e cooperação direta com o Ibama.
A legislação prevê multas de até R$ 5 mil por espécime apreendida, além de responsabilização criminal. Para o CEO do BH Airport, Daniel Miranda, a adesão ao pacto reforça a responsabilidade ambiental do terminal. “Cada ocorrência, por menor que seja, reforça a importância da vigilância permanente”, afirmou.
Preservação fora da pista
Além da fiscalização, o BH Airport mantém 310 hectares de reserva legal e outros 790 hectares de vegetação nativa sob manejo sustentável. Também implantou uma passagem de fauna sob a rodovia de acesso, já utilizada por pelo menos 17 espécies típicas da Mata Atlântica e do Cerrado, como tamanduás, veados e tatus, reduzindo riscos de atropelamento e colisões aéreas.
Em 2025, o terminal recebeu pela terceira vez o selo Aeroportos Sustentáveis da Anac e foi certificado como Aeroporto Verde pelo Airports Council International (ACI). É ainda o primeiro do país com certificação de carbono neutro.
*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca
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