Corte de R$ 65 mi na verba da UFMG vai prejudicar atendimentos gratuitos e pesquisa

Bruno Inácio e Malú Damázio
03/05/2019 às 21:54.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:30
 (Foca Lisboa/UFMG)

(Foca Lisboa/UFMG)

Atendimentos gratuitos ou a baixo custo oferecidos nas clínicas veterinária e odontológica da UFMG, em Belo Horizonte, poderão ser suspensos. A interrupção será uma das consequências do bloqueio de 30% da verba destinada às universidades federais do país. Só na maior instituição pública de Minas, o contingenciamento anunciado pelo Ministério da Educação chegará a R$ 65 milhões.

Pesquisas importantes que há anos são desenvolvidas por cientistas também estão na berlinda, como a da vacina contra a dengue. “Correm risco sim”, garante a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida. A gestora descartou impactos no Hospital das Clínicas, que tem gestão própria, mas reforçou que até mesmo serviços básicos como limpeza, água e luz serão afetados.

Não bastasse a falta de recursos para pagar as contas, comprar insumos e manter o funcionamento pleno de laboratórios, demissões devem ocorrer. “Estou falando de motoristas, funcionários que são terceirizados, porque não temos número suficiente de servidores concursados”, afirma Sandra.

A UFMG disse que atua junto à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para convencer o MEC a não aplicar o corte na verba.
“Temos todo um trabalho com os parlamentares também, pois esse orçamento foi aprovado no Congresso”, acrescentou. 

Embora a instituição garanta a manutenção do calendário acadêmico, universitários temem que as ações de assistência estudantil, voltadas às pessoas de baixa renda, sejam prejudicadas. O aluno de administração João Vitor Pinheiro, de 24 anos, lembra que, por alguns anos, só conseguiu ir até o campus da Pampulha porque recebia auxílio transporte.
 
“A ajuda é justamente para quem não tem condições de arcar com os custos. Muitas pessoas dependem disso. Se a Federal oferta menos bolsas, é possível que alguns estudantes cogitem até desistir da graduação”, observa. O jovem ainda receia que a capacidade dos restaurantes universitários seja reduzida: “não tem como não afetar. Hoje já precisamos da ampliação do bandejão porque as filas são gigantescas na hora do almoço”. 

Manifestação
Grupos contrários à medida já estão se mobilizando para realizar rodas de conversa e atos, como explica o aluno da licenciatura em geografia Gabriel Silveira, de 21 anos. “Já é difícil para o pobre entrar em uma universidade pública, quanto mais se manter nela e garantir a ascensão social. Por isso, estamos nos organizando. No próximo dia 7 haverá uma assembleia estudantil no Instituto de Geociências, com Geografia, Geologia e Turismo, em que estudo”.

Procurado novamente, o MEC manteve a posição dada no dia anterior, informando que o critério utilizado para o contingenciamento foi “operacional, técnico e isonômico”, em decorrência da restrição orçamentária. A decisão poderá ser revista pelos ministérios da Economia e Casa Civil, “caso a reforma da Previdência seja aprovada e as previsões de melhora da economia se confirmem”, afirmou.

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