
Foi debaixo d'água e de protestos em favor da democracia e do respeito à diversidade que o bloco Corte Devassa, fundado por artistas da Fudação Clovis Salgado (Palácio das Artes), saiu em cortejo na manhã desta segunda-feira na rua Sapucaí, no bairro Floresta, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O cortejo começou com um discurso da regente e coordenadora do bloco, Lira, em protesto ao que chamou de burocracia e desrespeito contra medidas que impediram outros blocos de saírem às ruas em razão de problemas com a documentação de trios elétricos.
A vereadora Cida Falabela (PSOL) também usou o microfone para, diante e muito artistas, cobrar de autoridades sem citar nomes: "Censura nunca mais".
Após os recados, começou a festa do bloco, que tem como características maquiagens e perucas da época das cortes europeias dos séculos 17 e 18.
Muitos integrantes acordaram cedo para produzir a própria maquiagem, como os amigos Ronaldo Alves, Carlos Normando, Carlos Rezende e Moisés Moreira. O grupo, claro, não economizou no glitter e no pó de arroz.
"Levantei da cama às 6h para me maquiar e produzir a fantasia. Estou no bloco da liberdade e na Sapucaí", comemorou Alves enquanto posava para uma fotografia no viaduto da Floresta, cartão-postal de BH e acesso para a rua Sapucaí.
O casal Dáfani Pantoja e Rafael Correia também capricharam na produção. Foi o terceiro ano consecutivo que a advogada e o analista de segurança da informação desfilaram no Corte Devassa.
"É um bloco livre e eu vim como a rainha guilhotinada", contou Dáfani. "Após meia hora fazendo a maquiagem, me tornei o viajante do tempo", acrescentou o companheiro.
O Corte Devassa defende a liberdade cultural e o movimento LGBT. Tem até um hino para explicar a presença da corte lusitana pelas bandas de BH: "Maria Antonieta e Carlota Joaquina vieram para Belô para fazer. Na Sapucaí, não se aguentando de calor, levantaram a saia e começaram o bacanal", diz a canção.