Covid-19 mata cada vez mais pessoas fora do ‘grupo de risco’ em Minas

Luiz Augusto Barros
@luizaugbarros
29/04/2021 às 08:10.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:48
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Um dos principais motivos para a explosão de casos de Covid não só no Estado, mas em todo o país, a circulação de novas variantes do coronavírus também é associada ao aumento das mortes entre pessoas sem qualquer problema de saúde prévio. No primeiro pico da pandemia, em junho e julho de 2020, 84% dos óbitos em Minas foram de integrantes do grupo de risco: idosos ou portadores de doenças crônicas, como cardiopatias, diabetes e obesidade. Mas dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostram que atualmente 69% das quase 33 mil vítimas da Covid tinham outras patologias. Na ponta do lápis, significa que três a cada dez mortos não apresentava comorbidades. 

Especialistas relacionam as mutações no vírus, com o surgimento de cepas mais agressivas e transmissíveis, à mudança no perfil dos infectados que desenvolvem a forma grave da doença. Por isso, o infectologista Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de Belo Horizonte, diz que a própria ideia de existir um grupo de risco está caindo por terra, devido à alta dos casos sobretudo entre os mais jovens. 
Até junho de 2020, por exemplo, 42 mineiros entre 20 e 39 anos haviam morrido por causa da doença. Dez meses depois, eram 1.269. “Há casos de pessoas de 30 a 40 anos, algumas até entre 20 e 30, sem maiores comorbidades, graves e com óbitos”, diz Estevão.

79,9% é a taxa de ocupação dos leitos de uti ontem na capital mineira. O índice não ficava abaixo de 80% desde 4 de março.

Diante desse cenário, o infectologista aconselha que qualquer pessoa, com ou sem comorbidades, independentemente da idade, procure atendimento médico se apresentar sintomas. Mesmo que o quadro pareça leve, é indicado buscar ajuda após sentir algum desconforto respiratório, queda na saturação de oxigênio (abaixo de 94%) ou mal-estar que dure mais de 48 horas. “Se a pessoa estiver insegura, mesmo sem esses sintomas, pode ir ao médico”, aconselha Urbano.

Além disso

Conforme Estêvão Urbano, o isolamento social continua sendo uma das principais medidas a curto prazo para frear a mortalidade pela Covid. Ele explica que a ampliação da campanha de vacinação é um processo com resultados a médio e longo prazos. 

“Da forma como (o isolamento) foi feito em Belo Horizonte, os números caíram e os hospitais tiveram uma queda na lotação. Isso serve para tentar diminuir a circulação viral. Depois, quando as pessoas voltam ‘à normalidade’, o contágio tende a aumentar”.

Em nota, a SES informou que houve mudança no perfil epidemiológico dos casos e dos óbitos por Covid com o aumento no número de mortes na atual fase da pandemia. Mas afirmou que o crescimento do número de vítimas fora do grupo de risco pode ser atribuído a um suposto preenchimento incorreto dos dados de comorbidades em sistemas de notificações oficiais por parte dos municípios.

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