Covid-19: mineiros terão mais 48 dias de incerteza

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
14/04/2020 às 08:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:16
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Os mineiros poderão viver pelo menos mais 48 dias de incertezas diante do perigo da Covid-19. A expectativa é a de que a rotina comece a voltar ao normal, inclusive com a redução do isolamento social, só a partir de junho, quando o pico da doença poderá ter passado. Mas é apenas uma projeção que pode mudar dependendo do avanço do número de casos no território. Até o momento, são 23 mortes e 815 doentes.

Pesa ainda a chegada dos dois próximos meses, que são mais suscetíveis à incidência das doenças respiratórias. Nesse sentido, a tendência é a de que o novo coronavírus siga o mesmo padrão, destacou o titular da Saúde estadual, Carlos Eduardo Amaral, durante coletiva virtual concedida ontem. 

“Não temos previsão, num primeiro momento, de encerrar o isolamento no fim desta semana ou na semana que vem. É necessário mantê-lo. Pensamos, sim, num período maior (de distanciamento social), em maio e junho”, frisou. 

O secretário, porém, sinaliza que a quarentena poderá ser reduzida ou, se necessário, até intensificada. A decisão vai levar em conta o monitoramento que o Estado vem fazendo diariamente da quantidade de doentes e sobrecarga no sistema de saúde, como a ocupação dos leitos clínicos e de terapia intensiva. “É preciso um estudo bem rigoroso”.

Em meio a um futuro incerto, a dona de casa Salete Lima Barros, de 62 anos, sente não poder abraçar as três netas há 26 dias, período que está em casa sem receber visitas. “Dá uma dor, fico ansiosa por não estar perto dos meus entes, bate um desespero. E tenho dúvida como tudo vai ficar, esta política onde é um atacando o outro, nossa economia. Tenho um conforto que Deus está no controle de tudo, confio em Deus. Mas é bem difícil esse momento”, diz a mulher que integra o grupo de risco por já ter tido um câncer de mama.

“Meu chefe já fechou cinco estabelecimentos, e ele pode fechar mais dois. Eu estou em um desses que poderão ser fechados. Já imaginou? Você dentro de casa sem saber se vai perder o emprego? Isso é muito triste”. Sandra Elisete Rocha da Conceiçao, 50 anos - Supervisora de uma pizzaria em BH

Viver um dia de cada vez é a recomendação da coordenadora da Comissão de Orientação em Saúde Mental do Conselho Regional de Psicologia (CRP-MG), Cristiane Nogueira. “Não tem como viver a não ser no conta-gota. É um momento que teremos que aprender a dosar e controlar (ansiedade). As pessoas querem uma cartilha, mas não há como falar que está tudo bem ou vai ficar tudo bem a curto prazo. Mas nos fortalecendo, vai ficar tudo bem a médio prazo”.

Palavra do especialista

“A incerteza e a insegurança se colocam como algo muito real no horizonte e produzem muita angústia. Se pensar, não temos certeza de nada, mas acreditamos termos determinada segurança, o que nos apazigua no nosso dia a dia. No momento, não sabemos como será a travessia desse problema, como sairemos do lado de lá. De certa forma, temos experiência de outras nações que estão vivenciando ou passaram por isso – e isso ajuda de certa maneira... Mas o Brasil tem certas peculiaridades. Estamos na mesma tempestade, não no mesmo barco. Os barcos são bem distintos, temos diferenças culturais, sociais diversas”, disse Cristiane Nogueira, coordenadora da Comissão de Orientação em Saúde Mental do CRP-MG.

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