Criação de 'vagas pet' em estacionamento de shopping de BH divide opiniões

Juliana Baeta
12/06/2019 às 16:17.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:04
 (Shopping Del Rey/ Divulgação )

(Shopping Del Rey/ Divulgação )

Há pelo menos 74.268.956 animais de estimação (cães e gatos) vivendo nas casas brasileiras, segundo dados do IBGE.Com a mudança do comportamento dos tutores em relação aos seus pets, que já os enxergam como parte da família, produtos e serviços vêm sendo, cada vez mais, desenvolvidos e produzidos para atender a esta demanda. A prova disto é que o setor movimenta cerca de R$ 22 bilhões por ano, de acordo com o último levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

E em Minas Gerais, são pelo menos 7.630.124 cães e gatos vivendo como animais de estimação, o que corresponde a 36% da população humana do Estado. Mas a criação recente de "vagas pets" no estacionamento de um shopping de Belo Horizonte tem gerado polêmica. Na página do Shopping Del Rey uma cliente comentou: "Aproveitem o dinheiro sobrando e construam mais espaços família, mais banheiros adaptados e deem prioridade de estacionamento a quem realmente precisa".

O centro de compras, que já conta com espaços e banheiros "família" e também adaptados, se tornou pet friendly - ambiente que aceita a entrada de animais de estimação - em 2017 e, desde então, vem desenvolvendo ações e serviços para atender aos clientes que levam seus bichinhos. Com isso, no último mês foram criadas oito vagas especiais no estacionamento para donos de cães e gatos. 

"Antes de criar as vagas, convidamos alguns tutores de animais para irem ao shopping e nos dizerem o que sentiram falta. Com base nisso, implementamos algumas estruturas para pets este ano como o carrinho pet, onde a pessoa pode levar o seu animal, e instalamos o espaço 'pet stop' em todos os pisos, que é uma espécie de 'pit stop' equipado com água para o animal, álcool em gel, lixeirinha para jogar as fezes do animal, sacolinha, papel etc", explica a gerente de marketing do Shopping Del Rey, Marina Moura. 

Segundo ela, alguns tutores, principalmente de cães de grande porte, disseram que, muitas vezes, não se sentiam bem-vindos no shopping e recebiam olhares de desaprovação. "Então, as vagas para pets são justamente para dizer a estes consumidores que eles são bem-vindos ao mall sim, junto com os seus animais. Foi uma forma que encontramos para trazer conforto e acolhimento para eles", complementa. 

Ela ressalta ainda que as vagas para pets são especiais, mas não exclusivas ou prioritárias. Isso significa que não são vagas obrigatórias previstas em lei como as existentes para pessoas idosas ou com deficiência e, portanto, podem ser ocupadas por qualquer pessoa, com pets ou não. 

Atualmente o shopping conta com 2242 vagas de estacionamento, sendo que 52 delas são prioritárias para pessoas com deficiência, 116 para idosos, 16 vagas especiais para gestantes e pessoas com crianças de colo, e oito vagas pets.   

Cultura pet friendly

A publicitária Júlia Botelho, de 22 anos, tutora da cadela Atena, se sentiu acolhida com a iniciativa do shopping e acredita que os tutores de animais também têm que ajudar os estabelecimentos e outras pessoas a criarem uma cultura pet friendly. 

"Acho que além de acessibilidade, têm que haver uma consciência por parte do shopping e dos consumidores também, para criar uma cultura pet friendly, porque os tutores têm que ter responsabilidade de avaliar, por exemplo, se seu pet é sociável para frequentar shopping e se o ambiente ali vai ser positivo para o seu bichinho, se ele não vai se estressar", comenta. 

Ela ainda sugere para as gestões dos shoppings pet friendly de BH a criação de um espaço "com uma graminha natural para os pets fazerem xixi". "E também orientar seguranças e a equipe de limpeza a não olhar com cara feia quando o cão faz xixi. Porque claro, o cocô tem que catar, e os tutores têm que sair preparados para isso. Mas o xixi não tem como, é melhor ter tudo organizado com a equipe de limpeza para passar um paninho quando rolar um xixi, e não constranger o consumidor por causa disso, como já aconteceu comigo". 

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