Antes da realização dos primeiros procedimentos de combate ao ceratocone pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital das Clínicas Mário Ribeiro, em Montes Claros (Norte de Minas), nessa sexta-feira, equipe médica, direção e os fundadores da unidade de saúde, Ruy e Raquel Muniz, ambos também médicos, assistiram uma palestra do renomado oftalmologista mineiro Paulo Ferrara. 

“A criação do atendimento desse serviço aqui no município é de extrema importância e tem um cunho social bastante importante”, ressaltou o especialista. 

O médico é o responsável pela criação do Anel de Ferrara, técnica ortopédica que corrige a curvatura corneana alterada pelo ceratocone. A intervenção cirúrgica restitui qualidade de vida ao paciente, fortalecendo a córnea, diminuindo a miopia e o astigmatismo, e melhorando o conforto e a visão. 

“Ceratocone é uma doença que atinge principalmente parte da população jovem, doença incapacitante, que impede que o portador tenha vida normal para realizar suas atividades intelectuais e físicas, e podendo levar à cegueira à medida que evolui”, explicou. 

Ferrara destacou que o procedimento já é realizado em mais de 80 países. No Brasil, desde 1996, com uma sólida base e confiabilidade extrema. “O anel é implantado dentro da córnea, corrige a deformidade e impede a progressão da doença, detalhou o especialista. “O paciente volta às atividades laborais rapidamente e isso tem um efeito psicológico importantíssimo na comunidade onde ele vive e em pessoas com o mesmo problema”. 

Aos pacientes que precisam de troca frequente de lentes ao ano, Paulo Ferrara faz um alerta. “É um sinal do ceratocone essa necessidade de troca frequente de correção. Para o paciente que é alérgico, coça muito o olho e ainda enxerga mal, também é uma dica”, orienta o médico, ressaltando que quanto mais cedo o tratamento começa, melhor. 

“Porque a única coisa que trata o ceratocone é o implante do anel. A lente de contato é para reabilitar a visão e não tem nenhum efeito no custo da doença”.

ALERTA

Coçar os olhos é a principal causa de evolução da doença, segundo o médico, “e isso acontece porque o paciente é alérgico. Ele está dentro de casa, o clima é muito seco e o uso da tela restringe as atividades ao ar livre, o que é terrível. E celular depois das 18h, de forma alguma”, avisou Paulo Ferrara, durante a palestra.

O convênio do SUS com o Hospital de Clínicas Mário Ribeiro foi firmado com prazo inicial de um ano para realização de 700 cirurgias, sendo 500 de ceratocone e 200 de crosslinking da córnea, método um pouco mais simples do que o Anel de Ferrara.

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