Chacina de Unaí

De mãos dadas, auditores fiscais pedem por 'justiça' no último dia de julgamento de Antério Mânica

Gabriel Rezende
grezende@hojeemdia.com.br
27/05/2022 às 10:02.
Atualizado em 27/05/2022 às 10:17
 (Gabriel Rezende/Hoje em Dia)

(Gabriel Rezende/Hoje em Dia)

De mãos dadas, recitando o nome de cada uma das vítimas e clamando por justiça. Assim um grupo de auditores fiscais do trabalho se manifestou, nesta sexta-feira (27), em frente a Justiça Federa, em Belo Horizonte, abrindo o último dia de julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de ser mandante de quatro assassinatos no município em janeiro de 2004 — crime conhecido como chacina de Unaí.

O ato foi organizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait). Representantes da categoria e trabalhadores estão em vigília na porta do sindicato desde terça-feira (24), quando teve início o julgamento. Antes de cada sessão, foram realizados diversos protestos. 

Bob Machado, presidente do Sinait, explica que o motivo é despertar o clamor por justiça. "Fizemos várias manifestações para chamar atenção da sociedade, dos jurados, no sentido de que é preciso que essa saga se feche. Precisamos deixar essa demonstração de que o crime não pode compensar e que a justiça precisa ser para todos", alegou.

Machado espera que Antério Mânica receba a mesma condenação de 2015, quando foi sentenciado a 100 anos de prisão. A condenação foi anulada em 2018 e, por isso, ocorre este novo julgamento.  "Esperamos muitos anos para ser feita justiça por esse bárbaro assassinato", afirmou. 

Julgamento 

A sessão nesta sexta-feira se iniciou com o debate entre acusação e defesa. Inicialmente, a acusação terá 1h30 para fala. Mesmo tempo será dado à defesa. Em seguida, a acusação decide se abrirá réplica e eventual tréplica. 

Após o debate, os jurados se reúnem para votar, e a juíza Raquel Vasconcelos anunciará a sentença, o que deve ocorrer ao longo da tarde desta sexta-feira. 

Relembre o crime

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do trabalho João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, após uma emboscada na região rural de Unaí, no Nooeste de Minas Gerais.

À época, o trio investigava denúncias de trabalho escravo que estaria acontecendo em fazendas da região. O crime ficou conhecido como Chacina de Unaí.

Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes foram condenados por serem "pistoleiros" contratados. As penas, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediários do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão da região, foram apontados pelo Ministério Público Federal como mandantes do crime.

A sentença deles saiu em 2015, com cada um pegando pena de 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica.

Em virtude da anulação, o ex-prefeito terá que ser submetido a novo julgamento, que deve acontecer nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

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