'Defendendo nossa história', diz moradora do Beco Fagundes após suspensão de despejo em Betim

Marina Proton
mproton@hojeemdia.com.br
05/01/2022 às 09:23.
Atualizado em 05/01/2022 às 11:43
 (Fernando Michel/Hoje em Dia)

(Fernando Michel/Hoje em Dia)

As vinte e sete famílias que moram no Beco Fagundes, no bairro Jardim Teresópolis, em Betim, na Grande BH, consideraram ter tido uma vítória, após a Justiça determinar a suspensão temporária do despejo e evitar a demolição de residências.

No local, numa extensão de cerca de 14.200 m², estão 75 casas, sendo 27 ainda ocupadas, e dois prédios, que seriam demolidos hoje. A medida também ocorreria mediante uma determinação da Justiça, que foi baseada em laudos da Defesa Civil municipal que classificam o beco como de alto risco geológico. 

A dona de casa Rosilaine Nogueira dos Santos mora em uma dessas residências há 32 anos. Ela conta que, ao lado da mãe e de irmãos, construíram uma vida inteira ali.  

“Não estamos aqui defendendo parede ou cimento. Estamos defendendo nossa história, nosso legado. Minha mãe chegou aqui há mais de 40 anos, tudo que temos hoje foi construído com o nosso suor”, afirmou ao Hoje em Dia

Rosilaine disse, ainda, que os moradores do beco esperam uma avaliação de um geólogo sem vínculo com a prefeitura para dar um parecer sobre o local. 

“Uma noite que conseguimos dormir e agradecemos muito a quem ajudou e propôs ajuda nessa luta, ficamos muito gratos. Mas até então não queremos sair daqui, queremos um geólogo idôneo que venha e faça a avaliação do solo, moradia por moradia. Depois que for comprovado e se houver de fato o risco, podemos sim sair. Mas com dignidade e segurança”, avaliou. 

Reunião de conciliação

O magistrado responsável pela suspensão da ordem de despejo e demolição das casas agendou uma audiência de conciliação para o dia 12 de janeiro, quarta-feira, às 14h. De acordo com o juiz José Romualdo Duarte Mendes, deverão comparecer representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Procuradoria-Geral de Betim, o advogado que representa os moradores e a Defesa Civil. 

“Com essa decisão estamos seguros aqui, não vamos precisar sair pelo menos até o dia 12. Até lá estamos seguros e vamos ver na reunião o que será resolvido. Nós somos pessoas trabalhadoras, honestas. Estamos lutando pelo nosso direito. Se um geólogo independente vir aqui e dizer se o solo está comprometido, claro que vou sair. Minha vida vem acima. Não estamos brigando, estamos pedindo oportunidade de voz”, concluiu a moradora. 

Na reunião, o poder público municipal terá que apresentar as razões da medida de desocupação da área, além de indicar as avaliações econômicas e geológicas de cada imóvel. A Prefeitura de Betim também deverá indicar qual será o destino das pessoas e dos seus bens.

Para aqueles que ainda vivem no local, o município oferece duas possibilidades, sendo a inclusão no programa de Aluguel Social ou a imediata mudança para casas populares construídas pela gestão.

A Justiça determinou, na noite de ontem, a suspensão temporária da ordem de despejo de 27 famílias que moram no Beco Fagundes, em Betim, na Grande BH. Nesta quarta-feira, as casas seriam demolidas. pic.twitter.com/Jz6WdXGpnB— Jornal Hoje em Dia (@jornalhojeemdia) January 5, 2022
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