Conduta

Delegada esposa de empresário que matou gari é indiciada por prevaricação

Ana Paula Balbino Nogueira é acusada de usar o cargo para beneficiar o marido e já havia sido indiciada por ceder a arma do crime

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 12/09/2025 às 07:04.Atualizado em 12/09/2025 às 07:11.
Renê Júnior e a esposa Ana Paula Lamêgo (Reprodução/ Redes Sociais)
Renê Júnior e a esposa Ana Paula Lamêgo (Reprodução/ Redes Sociais)

A delegada Ana Paula Balbino Nogueira, esposa do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior — que confessou ter matado o gari Laudemir Fernandes —, foi indiciada pela Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) por prevaricação. O crime, previsto no Código Penal, ocorre quando um funcionário público deixa de praticar ou retarda um ato de ofício para satisfazer um interesse pessoal.

Em nota, a PCMG informou que um procedimento administrativo foi instaurado para apurar a conduta da servidora, garantindo os direitos de ampla defesa e contraditório, o que pode levar a um prazo maior para a conclusão.

Fascínio do marido por distintivos e armas

A delegada já havia sido indiciada por porte ilegal de arma de fogo no inquérito que apura a morte de Laudemir. A investigação da Polícia Civil concluiu que ela sabia que o marido utilizava a arma. "A esposa tinha ciência que ele fazia o uso da arma de fogo com constância”, afirmou o delegado Evandro Radaelli.

As investigações ainda revelaram um “fascínio” de Renê Júnior por armas e distintivos. A polícia encontrou fotos do empresário ostentando equipamentos de trabalho da esposa em mensagens de celular. O delegado Radaelli revelou que Renê "exibia o distintivo da esposa em mensagens", o que demonstrava seu interesse pela função dela.

A arma usada no crime pertencia à delegada. Por ter cedido o armamento ao marido, Ana Paula Balbino foi indiciada pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, que prevê pena de dois a quatro anos de prisão. Por ser servidora pública, a pena pode ser aumentada em até dois anos.

Em nota, o advogado da delegada, Leonardo Avelar Guimarães, informou que a cliente está ciente do indiciamento, mas por conta do estado de saúde dela "não foi possível o exercício efetivo do seu direito de defesa no referido inquérito".

MP oferece denúncia contra Renê

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra Renê. A decisão ainda fixa multa mínima de R$ 150 mil a título de reparação dos danos morais e materiais sofridos pelos familiares da vítima, em caso de condenação.

O empresário foi indiciado por três crimes: homicídio duplamente qualificado, ameaça contra a motorista do caminhão de lixo e porte ilegal de arma de fogo. Somadas, as penas podem chegar a 35 anos de prisão.

O gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, foi assassinado a tiros no bairro Vista Alegre, na região Oeste de BH, enquanto trabalhava. A Polícia Militar informou que o empresário Renê teria disparado contra o profissional de limpeza, que não resistiu aos ferimentos. O empresário foi identificado por câmeras de segurança e preso pouco tempo depois em uma academia na Avenida Raja Gabaglia, na mesma região.

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