
A delegada Ana Paula Lamego Balbino, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), recebeu uma nova licença médica e segue afastada do cargo até meados de dezembro. Ela é esposa de Renê da Silva Nogueira Júnior, preso pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes. O novo afastamento foi confirmado nesta segunda-feira (13).
A delegada estava afastada desde 13 de agosto, dois dias após o crime. A PCMG informou que a mulher foi submetida a outra perícia e teve sua licença médica concedida por mais 60 dias. Ela ainda responde a um processo administrativo disciplinar na corporação e já foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo e também por prevaricação.
Segundo o Portal de Transparência, mesmo sem exercer a função, Ana Paula Lamego Balbino recebeu R$ 15,7 mil líquidos no primeiro mês de afastamento. Se a média se mantiver, o valor pode chegar a R$ 93 mil brutos em quatro meses, além do 13º salário.
A PCMG não divulgou o estado de saúde da delegada.
A reportagem do Hoje em Dia tenta contato com a defesa da delegada e o espaço segue aberto para manifestações.
Relembre o caso
Laudemir foi assassinado em serviço pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, que confessou ter efetuado o tiro. A arma era da esposa, a delegada Ana Paula Lamêgo Balbino. O caso ocorreu no bairro Vista Alegre, na região Oeste de Belo Horizonte.
Renê foi indiciado por três crimes: homicídio duplamente qualificado, ameaça contra a motorista do caminhão de coleta de lixo e porte ilegal de arma de fogo. A pena pode chegar a 35 anos de prisão.
Após o crime, o empresário “seguiu a rotina” e continuou o dia como se nada tivesse acontecido. Renê foi visto no trabalho e também passeando com dois cachorros. Depois, ainda foi para a academia, onde foi preso.
Ao ser levado para a delegacia, Renê mandou mensagens para a esposa pedindo para que ela entregasse uma arma diferente da que foi utilizada no crime. "Entrega a nove milímetros. Não pega a outra. A nove milímetros não tem nada", escreveu, referindo-se à outra arma da delegada. Segundo o inquérito, Ana Paula não respondeu nem atendeu ao pedido do marido.
Antes de ser preso, o empresário ainda mandou outra mensagem para a esposa: "Estava no lugar errado na hora errada. Amor, eu não fiz nada".
A polícia confirmou que a arma utilizada era da esposa do empresário. Ela foi indiciada pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, ao ceder o armamento ao marido.
Conforme previsto na Lei do Desarmamento, o crime prevê pena de 2 a 4 anos de prisão. Porém, por ela ser servidora pública, poderá ter a pena aumentada por mais dois anos.
Leia mais: