
Menos de 1% dos imóveis em Belo Horizonte têm focos do Aedes aegypti, vetor da dengue, chikungunya e zika. Entre os 51 mil pontos vistoriados, o índice de infestação ficou em 0,3%. Na ponta do lápis, significa que a cada 333 locais, apenas um tem criadouros, como recipientes que acumulam água. Mas a população ainda precisa aumentar os esforços no combate ao mosquito.
Quase 87% dos focos foram encontrados em residências. A maior incidência está em Venda Nova. Antes, o número girava em torno de 80%, conforme o subsecretário de Promoção e Vigilância à Saúde, Fabiano Pimenta. Ele participou ontem da apresentação do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) de outubro, o último de 2017.
de acesso dos agentes de endemias aos domicílios
Para Fabiano Pimenta, um dos motivos é a dificuldade de acesso aos domicílios. “Às vezes, o agente não encontra o morador durante a vistoria”, diz. Para tentar resolver a situação, em parceria com a Defesa Civil de BH, a prefeitura realiza visitas noturnas e agenda um horário para a varredura no imóvel.
Outro ponto destacado na dificuldade de combate ao mosquito é a conscientização da população, segundo a infectologista Sílvia Hees de Carvalho. “As pessoas costumam ter uma postura muito passiva e esperam a visita da prefeitura para tomar uma atitude que deveria ser de prevenção”, afirma a infectologista. Segundo ela, a queda no índice de infestação está relacionada à sazonalidade. “Como não estamos em uma época de epidemia, as pessoas acham que o problema foi eliminado. Mas com o calor e as chuvas, o risco volta”, diz.
Facilmente encontrados
Os dados do LIRAa são facilmente comprovados no dia a dia. Na tarde de ontem, durante visita realizada por agentes de endemias em uma residência no bairro Pompéia, região Leste de BH, foram encontradas larvas e pupas do mosquito em um vaso de planta. A dona da casa, a aposentada Angela Martins, de 57 anos, disse que foi pega de surpresa. “A gente sabe que deve olhar, manter o cuidado. Então, estou sempre atenta, eliminando focos, mas deixei passar”, diz.
A recomendação é eliminar qualquer recipiente que acumule água, como garrafas, vasos de planta, potes e pneus velhos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), mais de 370 mil visitas em imóveis da cidade ocorreram de janeiro a outubro deste ano.

Recomendação é para que moradores eliminem recipientes que possam acumular água
Recuo
Além da queda nos índices de infestação do mosquito, também houve recuo nos casos de dengue confirmados em Belo Horizonte neste ano. Até novembro, a Secretaria Municipal de Saúde identificou 854 registros da doença. No mesmo período de 2016 foram 154.858. Outras 1.070 notificações ocorridas neste ano estão em investigação. As regiões da capital com o maior número de casos são Venda Nova (143), Noroeste (128) e Nordeste (105).
O subsecretário Fabiano Pimenta lembra que o foco das ações de combate ao Aedes não é apenas a dengue. “Mantendo o índice baixo, estamos evitando também a chikungunya e a zika, para os quais não temos vacina”.
A chikungunya soma 76 casos em 2017. Desses, 39 são importados, ou seja, contraídos fora de Belo Horizonte. Quinze registros aguardam confirmação de exames. Já a zika fez 18 doentes neste ano.