Desejo de elevar renda ou realizar sonho aumenta em 50% os idosos em faculdade

Marília Mesquita
14/11/2019 às 19:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:42
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Idosos buscam adquirir cada vez mais conhecimento para melhores colocações no mercado de trabalho. Nos últimos cinco anos, as matrículas de pessoas acima dos 60 cresceram mais de 50% no ensino superior. Conforme o censo do Ministério da Educação (MEC), em 2013 eram 19.644 alunos nessa faixa etária. Em 2018, quase 30 mil.

Minas segue a tendência nacional. O envelhecimento da população e a expectativa de vida maior também ajudam a explicar o avanço, garantem especialistas. Lucas PratesCursando Direito nas Faculdades Kennedy, Gildete de Jesus, de 64 anos, já faz estágio e planeja atuar nas áreas tributária ou empresarial 

“Sou produtor rural, locutor de rádio e assessor da Prefeitura de Rio Acima (na Grande BH). Enquanto tem saúde, não existe limite. Ainda quero abrir minha empresa de comunicação e divulgar informações que podem mudar a realidade da minha cidade. É minha missão pessoal”Orlando Pedrosa, de 66 anos, advogado aposentado e estudante de Jornalismo das Faculdades Promove, em Belo Horizonte

Pesquisadora em alfabetização de jovens e adultos da Faculdade de Educação da UFMG, Francisca Izabel Pereira Maciel destaca que, estando inseridos no mercado de trabalho ou já aposentados, as ambições dos idosos se dividem entre profissional e pessoal. “Eles querem um faturamento melhor e alcançar um sonho que, muitas vezes, era inatingível”, frisa.

Conquista

Com os três filhos formados, Vera Lúcia de Araújo, de 70 anos, acreditava que o ambiente universitário não era para ela. Mas, após quatro décadas longe das salas de aula, a idosa ingressou no supletivo para concluir o ensino médio. Depois, não parou mais.

Aluna do 7º período do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, na UFMG, a universitária conta que aprendeu a utilizar a internet e coleciona livros digitais. “Pensei que não iria conseguir, mas tive apoio de colegas e familiares. É um grande prêmio”, diz Vera Lúcia, que já faz planos para aumentar a renda com a nova profissão.

"A população idosa está aumentando no Brasil e no mundo. No entanto, os cuidados com a saúde física e mental também estão mudando. Após criarem os filhos e construírem um percurso profissional, eles voltam para ampliar o universo de conhecimento, qualificar, realizar sonhos e até conseguir um faturamento extra. O acesso à educação ficou mais fácil e, agora, as instituições precisam se preparar para receber esse novo nicho. Algumas vezes, eles vão ter dificuldade para compreender e memorizar conteúdos, mas, por outro lado, são interessados, focados e querem conquistar o diploma"Mariza Tavares Lima - Professora aposentada da PUC Minas e especialista em orientação profissional de carreira

Vida ativa

Especialista em orientação profissional de carreira, a professora aposentada da PUC Minas Mariza Tavares Lima destaca que o mercado de trabalho tem absorvido colaboradores que aliam conhecimento e experiência. “Os idosos estão buscando o espaço deles na sociedade. É uma mudança sociocultural valorosa”, analisa.

Que o diga o aposentado Gildete de Jesus. Aos 64 anos, ele é estagiário pela primeira vez na vida. Matriculado no 5º período de Direito, das Faculdades Kennedy, passou a acompanhar audiências e a digitalizar documentos. “É bom para a mente e melhora a autoestima, me sinto útil”, diz. 

Após trabalhar por 35 anos como técnico de telefonia, Gildete pretende atuar como advogado tributário ou empresarial.

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