Idosos buscam adquirir cada vez mais conhecimento para melhores colocações no mercado de trabalho. Nos últimos cinco anos, as matrículas de pessoas acima dos 60 cresceram mais de 50% no ensino superior. Conforme o censo do Ministério da Educação (MEC), em 2013 eram 19.644 alunos nessa faixa etária. Em 2018, quase 30 mil.
Minas segue a tendência nacional. O envelhecimento da população e a expectativa de vida maior também ajudam a explicar o avanço, garantem especialistas.

“Sou produtor rural, locutor de rádio e assessor da Prefeitura de Rio Acima (na Grande BH). Enquanto tem saúde, não existe limite. Ainda quero abrir minha empresa de comunicação e divulgar informações que podem mudar a realidade da minha cidade. É minha missão pessoal”
Orlando Pedrosa, de 66 anos, advogado aposentado e estudante de Jornalismo das Faculdades Promove, em Belo Horizonte
Pesquisadora em alfabetização de jovens e adultos da Faculdade de Educação da UFMG, Francisca Izabel Pereira Maciel destaca que, estando inseridos no mercado de trabalho ou já aposentados, as ambições dos idosos se dividem entre profissional e pessoal. “Eles querem um faturamento melhor e alcançar um sonho que, muitas vezes, era inatingível”, frisa.
Conquista
Com os três filhos formados, Vera Lúcia de Araújo, de 70 anos, acreditava que o ambiente universitário não era para ela. Mas, após quatro décadas longe das salas de aula, a idosa ingressou no supletivo para concluir o ensino médio. Depois, não parou mais.
Aluna do 7º período do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, na UFMG, a universitária conta que aprendeu a utilizar a internet e coleciona livros digitais. “Pensei que não iria conseguir, mas tive apoio de colegas e familiares. É um grande prêmio”, diz Vera Lúcia, que já faz planos para aumentar a renda com a nova profissão.
"A população idosa está aumentando no Brasil e no mundo. No entanto, os cuidados com a saúde física e mental também estão mudando. Após criarem os filhos e construírem um percurso profissional, eles voltam para ampliar o universo de conhecimento, qualificar, realizar sonhos e até conseguir um faturamento extra. O acesso à educação ficou mais fácil e, agora, as instituições precisam se preparar para receber esse novo nicho. Algumas vezes, eles vão ter dificuldade para compreender e memorizar conteúdos, mas, por outro lado, são interessados, focados e querem conquistar o diploma"
Mariza Tavares Lima - Professora aposentada da PUC Minas e especialista em orientação profissional de carreira
Vida ativa
Especialista em orientação profissional de carreira, a professora aposentada da PUC Minas Mariza Tavares Lima destaca que o mercado de trabalho tem absorvido colaboradores que aliam conhecimento e experiência. “Os idosos estão buscando o espaço deles na sociedade. É uma mudança sociocultural valorosa”, analisa.
Que o diga o aposentado Gildete de Jesus. Aos 64 anos, ele é estagiário pela primeira vez na vida. Matriculado no 5º período de Direito, das Faculdades Kennedy, passou a acompanhar audiências e a digitalizar documentos. “É bom para a mente e melhora a autoestima, me sinto útil”, diz.
Após trabalhar por 35 anos como técnico de telefonia, Gildete pretende atuar como advogado tributário ou empresarial.
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