(Lucas Prates)
Idosos buscam adquirir cada vez mais conhecimento para melhores colocações no mercado de trabalho. Nos últimos cinco anos, as matrículas de pessoas acima dos 60 cresceram mais de 50% no ensino superior. Conforme o censo do Ministério da Educação (MEC), em 2013 eram 19.644 alunos nessa faixa etária. Em 2018, quase 30 mil.
Minas segue a tendência nacional. O envelhecimento da população e a expectativa de vida maior também ajudam a explicar o avanço, garantem especialistas. Lucas PratesCursando Direito nas Faculdades Kennedy, Gildete de Jesus, de 64 anos, já faz estágio e planeja atuar nas áreas tributária ou empresarial
Pesquisadora em alfabetização de jovens e adultos da Faculdade de Educação da UFMG, Francisca Izabel Pereira Maciel destaca que, estando inseridos no mercado de trabalho ou já aposentados, as ambições dos idosos se dividem entre profissional e pessoal. “Eles querem um faturamento melhor e alcançar um sonho que, muitas vezes, era inatingível”, frisa.
Conquista
Com os três filhos formados, Vera Lúcia de Araújo, de 70 anos, acreditava que o ambiente universitário não era para ela. Mas, após quatro décadas longe das salas de aula, a idosa ingressou no supletivo para concluir o ensino médio. Depois, não parou mais.
Aluna do 7º período do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, na UFMG, a universitária conta que aprendeu a utilizar a internet e coleciona livros digitais. “Pensei que não iria conseguir, mas tive apoio de colegas e familiares. É um grande prêmio”, diz Vera Lúcia, que já faz planos para aumentar a renda com a nova profissão.
Vida ativa
Especialista em orientação profissional de carreira, a professora aposentada da PUC Minas Mariza Tavares Lima destaca que o mercado de trabalho tem absorvido colaboradores que aliam conhecimento e experiência. “Os idosos estão buscando o espaço deles na sociedade. É uma mudança sociocultural valorosa”, analisa.
Que o diga o aposentado Gildete de Jesus. Aos 64 anos, ele é estagiário pela primeira vez na vida. Matriculado no 5º período de Direito, das Faculdades Kennedy, passou a acompanhar audiências e a digitalizar documentos. “É bom para a mente e melhora a autoestima, me sinto útil”, diz.
Após trabalhar por 35 anos como técnico de telefonia, Gildete pretende atuar como advogado tributário ou empresarial.
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