Desocupação de terreno no bairro Filadélfia termina em confusão

Álvaro Castro
acastro@hojeemdia.com.br
16/06/2016 às 11:44.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:55
 (Vítor Corleone/Divulgação)

(Vítor Corleone/Divulgação)

A desocupação de um terreno ocupado no bairro Filadélfia, na região Noroeste de Belo Horizonte, terminou em uma grande confusão na tarde de quarta-feira (15). Segundo a Guarda Municipal, funcionários da prefeitura foram impedir a consolidação de uma invasão e encontraram resistência de cerca de 120 famílias que estavam no local. Os ânimos ficaram exaltados e nove pessoas, segundo a Guarda Municipal, e seis, segundo a Polícia Militar, foram presas.

De acordo com a nota enviada pela Guarda Municipal, trata-se de um aterro sanitário que foi ilegalmente ocupado por famílias da própria região. Foram retiradas cerca de trinta estruturas com lonas. Contudo, foi necessário o uso da força para conter os ânimos dos invasores.

Conforme a Polícia Militar, inicialmente foi tentaram uma solução pacífica para a remoção das famílias. Contudo, após os moradores atirarem pedras e paus contra os funcionários da prefeitura e guardas municipais, foi necessário o uso de armas taser, balas de borracha e spray de pimenta.

A confusão teve início por volta das 16h30, e a PM acionada às 17h. O helicóptero Pégasus foi utilizado para dar suporte durante a ação. Um guarda e um policial ficaram feridos e duas viaturas, uma de cada corporação, danificadas por pedras. Segundo a PM, um tiro foi disparado por um guarda em direção a um barranco após ele ser atingido por duas pedras, sem ferir ninguém.

Outra versão

Uma outra versão é contada pelo sargento do 49º Batalhão da PM, Vitor Corleone Moreira. Ele nasceu no bairro e morou durante muitos anos no aglomerado e foi ao local para prestar apoio aos seus amigos que ainda residem no local.  Segundo Vitor, trata-se de um campo de futebol há muito abandonado que realmente foi invadido por cerca de 120 famílias de moradores da região. "Eu jogava bola lá quando criança. Eles ocuparam um espaço lateral onde deveria existir uma arquibancada, mas devido ao nível de abandono, não há nada no local. Lembro-me que fazíamos as redes dos gols usando sacos que pegávamos da Ceasa", contou ao Hoje em Dia.

Segundo explicou o sargento, o campo pertenceria à Prefeitura de BH. No momento da desocupação, estiveram presentes funcionários da Urbel, SLU e outros. Segundo ele conta, a Urbel teria dado aos moradores o prazo até esta quinta-feira para que o local fosse desocupado. "Como estava trabalhando até as 15 horas, cheguei por volta das 16h para tentar ajudar o pessoal a conversar numa boa. Cheguei a ser chamado de playboy por um funcionário da prefeitura antes de me identificar como policial", relatou.

O policial afirma que solicitou os documentos de reintegração de posse necessários para a desocupação da área. Contudo, conforme explicou a Guarda Municipal, não se tratou de uma reintegração, pois a posse não estava efetivada, o que houve foi a tentativa de impedir a consolidação da ocupação ilegal. Ainda assim, o sargento condenou a ação do poder público.

"Condeno a ação porque quem tem o aparato necessário para realizar esse tipo de ação é o Batalhão de choque da PM, devidamente acompanhado de um oficial de Justiça. Tudo poderia ser evitado se um especialista estivesse presente para mediar a ação desastrosa. Houve o revide da população porque as famílias foram acuadas em um local de onde não podiam sair. Por isso se inflamaram e acabaram lançando pedras e paus sobre os funcionários, que precisaram chamar a polícia", desabafou.

Segundo Vitor, a ocorrência, com cerca de 500 envolvidos, será encaminhada a diversos órgãos como as comissões de Direitos Humanos da Câmara e Assembleia Legislativa, para as delegacias de Proteção ao Idoso, Especializada em Meio Ambiente e da Criança e do Adolescente, além da Prefeitura de Belo Horizonte para que sejam prestados esclarecimentos. O policial afirma ainda que solicitou aos funcionários da prefeitura os documentos de reintegração de posse, entre outros para que sejam apuradas o ocorrido.

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