A presidente Dilma Rousseff desembarcou na base aérea da Pampulha, em Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (12). Acompanhada do governador Fernando Pimentel e do prefeito de Mariana, Duarte Júnior, ela irá sobrevoar as áreas atingidas pelo rompimento das barragens de rejeito de mineração da Samarco, em Bento Rodrigues.
Os ministros da Integração, Gilberto Magalhães Occhi; do Meio Ambiente, Isabela Teixeira; da Educação, Aloizio Mercadante; e o secretário Nacional de Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, além do presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, e o bispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, também acompanharam a presidente Dilma. Eles seguiram para a cidade nos helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército.
Arrecadação
Duarte Júnior afirmou que aproveitará o encontro para pedir oficialmente a presidente que conceda 100% dos royalties de mineração na região para Mariana para ajudar na recuperação do município. Atualmente, 60% do Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) relacionado à mineradora fica em Mariana. Outros 23% vão para o Estado e 17% ficam com a União.
Com uma semana de atraso, a presidente Dilma passará primeiro pela região de Mariana, seguirá para Governadores Valadares e depois irá para Colatina, no Espírito Santo. "O importante é que ela veio e que assuma o compromisso de ajudar a essas pessoas", ressaltou o prefeito.
Apesar de a descida da presidente em Mariana não estar programada, o prefeito Duarte diz que é importante que ela não só sobrevoe o local, mas desça para demonstrar apoio às famílias que perderam tudo no acidente. "Vou pedir a ela que desça para se reunir com uma comissão de moradores. Pelo menos para que possa dar um abraço nestas pessoas e possa demonstrar o carinho que ela tem por Mariana". Segundo ele, o contato com Dilma levará conforto aos atingidos. "Mostra que o posto máximo do Executivo está acompanhando de perto e realmente empenhado em ajudar".
Informações
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, afirmou que irá protocolar, ainda esta semana, um pedido a Samarco de um documento com todas as informações a respeito do que está acontecendo com a terceira barragem da empresa, a Germano, onde foram constatadas trincas. Duarte disse ainda que pedirá apoio do Governo Federal no monitoramento da barragem.
"Existe esta preocupação. A Samarco aumentou o monitoramento, mas vou solicitar a presidente que envie uma equipe técnica especializada a Mariana para fazer estudos no local. Se houver o risco, precisamos saber e tratar tudo com transparência".
De acordo com ele, é uma forma de a prefeitura se resguardar caso exista a hipótese de um novo rompimento, já que há muitas contradições nas informações passadas pela empresa e constatações dos bombeiros. A comunidade que vive no entorno da barragem de Germano já foi retirada dos arredores por precaução.
O prefeito reconheceu que a Samarco deve ser punida pelo rompimento das barragens. As atividades da mineradora estão suspensas. Contudo, destacou que a prefeitura e a cidade dependem da atividade para sobreviver. "A região depende da mineração há mais de 50 anos. Durante todo esse tempo não houve diversificação de atividade econômica. As mineradoras empregam mais de 2 mil funcionários diretos e indiretos. Vamos ter que aprender a buscar uma nova fonte de renda, não só para Mariana como para todas as cidades que dependem da atividade mineradora. Se a Samarco fechar as portas, a prefeitura terá que fazer o mesmo, pois não haverá como manter nem mesmo os serviços básicos no município".
Segundo o prefeito, estudo preliminar feito pelo Executivo calcula que o prejuízo com o acidente já passa dos R$ 100 milhões.
Ainda conforme Duarte, as buscas pelas vítimas não devem ser encerradas antes que todos os corpos e desaparecidos sejam encontrados. "É outro pedido muito especial que farei a Dilma, que as buscas não sejam encerradas. As pessoas precisam encontrar os corpos de seus parentes para que o ciclo se feche", finalizou.
Atualizada 12h30.