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Filho preso

Dívida com bets, estrangulamento, família perplexa: o que se sabe sobre o assassinato da professora

Educadora foi morta dentro de casa e teve o corpo deixado sob um viaduto em Vespasiano; filho confessou o crime e está preso temporariamente

Ana Luísa Ribeiro*
aribeiro@hojeemdia.com.br
Publicado em 26/07/2025 às 09:28.Atualizado em 26/07/2025 às 09:28.

A Polícia Civil (PC) prendeu o filho da professora Soraya Tatiana Bonfim França sob suspeita de ter matado a própria mãe. O homem, de 32 anos, confessou que agiu sozinho e que cometeu o crime dentro do apartamento onde morava com a vítima, em Belo Horizonte. Suspeito estaria em surto no momento do crime, abalado emocionalmente e envolvido com jogos on-line e empréstimos consignados. Veja o que se sabe sobre essa tragédia, que causou grande comoção em toda a capital.

Desaparecimento e buscas iniciais

Soraya Tatiana Bonfim França, professora de História do Colégio Santa Marcelina, em Belo Horizonte, foi vista pela última vez na sexta-feira (18), quando disse a amigas que não iria mais a uma festa por estar se sentindo mal.

Preocupados com o sumiço, familiares procuraram por ela no dia seguinte. O apartamento onde morava, na região Centro-Sul da capital, foi aberto com a ajuda de um chaveiro. Não havia sinais de arrombamento ou violência, mas o celular, os óculos e as chaves dela tinham desaparecido. O carro, no entanto, continuava na garagem.

Corpo sob viaduto e identificação pelo filho

No domingo (20), moradores encontraram o corpo de uma mulher sob o viaduto da avenida Adélia, em Vespasiano, na Grande BH. A vítima vestia apenas uma blusa cinza, estava coberta com um lençol e apresentava marcas de violência e lesões semelhantes a queimaduras.

O reconhecimento foi feito no Instituto Médico-Legal (IML) pelo próprio filho, de 32 anos, com base em uma tatuagem e na armação de óculos achada no local.

Enterro de professora é marcado por pedidos de justiça 

O sepultamento da professora Soraya Tatiana ocorreu na última terça-feira (22), no Cemitério da Paz, na região Noroeste de Belo Horizonte. O filho chorou muito no enterro. Ele estava acompanhado de outros familiares e chegou a ajudar a carregador o caixão. O sepultamento foi marcado por muita comoção e clamor por justiça.

Colegas da educadora e alunos relembraram carinhosamente dela e falaram sobre os ensinamentos recebidos durante o convívio. Além disso, expressaram indignação com a brutalidade do assassinato.

Confissão e dinâmica do crime

O filho confessou que matou a mãe dentro do apartamento onde os dois moravam, após uma discussão acalorada por questões financeiras. Segundo a Polícia Civil, o crime foi cometido entre 17h e 19h30 da sexta-feira (18).

Após o enforcamento, o filho colocou o corpo da vítima no porta-malas do carro dela, dirigiu até Vespasiano e o deixou sob o viaduto. Em seguida, voltou para casa como se nada tivesse acontecido. No sábado à noite, ele viajou com amigos para a Serra do Cipó - viagem que já estaria programada.

Prisão temporária e andamento do inquérito

O filho da professora assassinada foi preso temporariamente na sexta-feira (25), sem apresentar resistência, na casa do pai, onde estava desde o crime. Ele estava de licença do trabalho - um cargo comissionado no Governo de Minas - concedida em função da morte da mãe.

A prisão ocorreu após avanço nas investigações, que já haviam reunido imagens de câmeras e outros elementos que apontavam para sua participação. A delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira informou que a prisão temporária era “indispensável” para garantir o bom andamento das diligências. Durante a ação, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão.

Investigação e laudos

O inquérito tramita no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e deve apurar homicídio qualificado, feminicídio e, possivelmente, ocultação de cadáver.

Os próximos passos envolvem a análise dos laudos periciais, que ainda não foram concluídos, e de imagens de segurança. A Polícia Civil não confirma, até o momento, indícios de violência sexual. O inquérito tem prazo de 30 dias, prorrogável por mais 30, e os investigadores acreditam que os laudos serão concluídos dentro desse período.

Reação da família e comportamento do filho

Até ser preso, o filho da professora colaborava com as investigações e era considerado testemunha. A confissão ocorreu espontaneamente após ser levado ao DHPP.

Segundo os delegados, a família ficou surpresa e desorientada com a prisão, pois o suspeito não havia contado nada a ninguém - nem ao pai, nem a amigos próximos. “A família ficou um pouco desorientada, porque, até então, ele era um contribuinte para a investigação”, disse o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos.

O que diz a defesa

O advogado Gabriel Arruda, que representa o filho da professora, afirmou que a defesa ainda não teve acesso ao inquérito nem ao depoimento prestado à polícia. Ele relatou que a conversa com o cliente foi breve, de menos de um minuto, e que, por enquanto, os advogados se baseiam apenas nas declarações feitas pelos delegados à imprensa. “Estamos aqui para resguardar os direitos dele e entender o que vamos poder fazer daqui para frente”, declarou.

Emprego no Governo e repercussão

O suspeito era servidor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) desde 2021, com salário de aproximadamente R$ 4,5 mil. Após a prisão, o governo estadual informou que ele será exonerado.

A morte de Soraya causou grande comoção entre alunos e colegas do colégio onde lecionava. A escola divulgou nota de pesar e diversas homenagens foram feitas nas redes sociais.

*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca

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