Drenagem em xeque: bueiros abarrotados de lixo, inundações à vista em BH

Mariana Durães e Renato Fonseca
horizontes@hojeemdia.com.br
04/10/2017 às 19:29.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:04
 (Renato Fonseca)

(Renato Fonseca)

O início da temporada de chuvas, que já provocou uma morte na capital, derrubou dezenas de árvores e deixou um rastro de destruição, reforça o alerta para o sistema de drenagem. Passados três dias da última tempestade, algumas ruas e avenidas de BH ainda acumulam entulhos, que podem entupir bueiros e aumentar a probabilidade de enchentes.

O descarte irregular do lixo é um dos principais desafios, mas também há necessidade de uma limpeza mais eficiente. Galhos e folhas de árvores, que caíram após a forte chuva de segunda-feira, ainda tapavam, até a tarde de ontem, as grades de bocas-de-lobo de algumas vias.

Um dos trechos fica na rua Ituiutaba, no Prado, região Oeste. Em apenas três quarteirões, pelos menos cinco escoadouros estavam abarrotados de folhas. O problema é semelhante na avenida Risoleta Neves, conhecida como Via 240, que corta bairros da região Norte.

Lá, além de folhas e galhos, chama a atenção a quantidade de lixo. Garrafas PET, cabo de vassoura, restos de vários cocos, pedaços de ferro e de plástico, dentre outros objetos, foram encontrados. Uma mulher que estava em um ponto de ônibus, e que se identificou apenas como Maria, disse que a sujeira é recorrente. “Todo dia está assim. A prefeitura até limpa, mas no outro dia já está sujo novamente”.

Mais chuva

Com a previsão de novos temporais até o fim de outubro, segundo os serviços de meteorologia, é preciso cuidado. “A instabilidade continua no Estado. Então, tudo pode mudar a qualquer momento”, explicou Dayan Diniz, meteorologista da Defesa Civil de BH. Desde domingo, já choveu na capital cerca de 40% da média histórica deste mês, que fica em torno de 123 milímetros.

Precauções

A possibilidade de mais chuva preocupa quem mora ou trabalha nas áreas suscetíveis a inundações. Donos de bares e lojas na avenida Francisco Sá, também na zona Oeste, esperam pelo pior. Há 20 anos na região, Ricardo Garcia, de 37, diz que sabe quando vai ter alagamento. “Chuva muito forte e prolongada é certeiro”. Por isso, para evitar correria quando a água começa a subir, a loja de acessórios automotivos não tem nada no nível do chão.

Quem também toma precauções é Kátia Carvalho, de 51 anos. Ela tem uma loja de equipamentos para motos em um dos pontos mais críticos da avenida Vilarinho, em Venda Nova. Para minimizar os prejuízos com a perda de produtos, a empresária precisou construir um mezanino, que faz de estoque nos dias chuvosos.

com risco de alagamento sinalizados

Vinte e seis córregos de Belo Horizonte têm risco de transbordar durante as chuvas mais fortes, segundo levantamento da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Ruas e avenidas próximas ao cursos d’água estão sinalizadas. 

Além disso, moradores de áreas propensas a enchentes e alagamentos estão sendo preparados para colaborar nos trabalhos de prevenção e auxílio a enchentes. Atualmente, a cidade conta com 43 Núcleos de Alerta de Chuvas (Nac) formados por 408 integrantes.

Limpeza

Em nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que mais de 50 toneladas de lixo e entulho foram recolhidas em cinco regionais do município após a chuva da última segunda-feira. Nas regiões Centro-Sul, Pampulha, Norte, Barreiro e Venda Nova mais de 940 bocas-de-lobo foram limpas.

Sobre a rua Ituiutaba, a SLU disse que as equipes estão concentrando os trabalhos em pontos críticos “que podem sofrer danos”. O serviço será realizado na via “o mais rápido possível”. Já sobre a Via 240, foi informado que profissionais serão enviados ao local e que a situação também será resolvida.

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