DETALHES DO CASO

'Ele desconfiava de traição e exigia a senha de celular da ex', diz Polícia sobre sequestrador

Rodrigo de Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
22/09/2022 às 20:10.
Atualizado em 22/09/2022 às 20:25

Leandro Pereira, de 39 anos, que fez o ex-enteado, de 7 anos, e o ex-cunhado, de 23, reféns por mais 15 horas, nesta quinta-feira (22), no Parque São Pedro, em Venda Nova, passou a madrugada exigindo a senha do celular da ex-companheira.

Esse foi um dos detalhes revelados pela Polícia Militar em coletiva de imprensa realizada na noite desta quinta-feira (22).

O suspeito de cárcere privado ficou gravemente ferido após um atirador de elite da PM efetuar um disparo contra ele.

Leandro estava armado quando invadiu a casa da ex-companheira, na tarde dessa quarta (21). A mulher conseguiu fugir, mas o filho, o irmão e o telefone celular dela ficaram na casa.

De acordo com o comandante de policiamento especializado, coronel Ricardo Geraldo de Oliveira Viana, o pedido de acesso ao aparelho não foi atendido pois poderia colocar em risco a vida dos reféns e do próprio suspeito.

"Sua intenção era verificar o aparelho e comprovar uma suposta traição da ex-companheira. Porém, qualquer mensagem ou imagem que ele visse poderia piorar a situação e fazer com que tomasse uma atitude extrema, como matar os reféns ou tirar a própria vida", disse o coronel.

De acordo com a Polícia, ele também exigia a presença da ex no local. "A intenção dele era dar uma 'lição' nela, conforme nos setenciou. Mas não aceitamos levá-la, pois ela poderia correr risco de morte. Não sabíamos o que poderia acontecer caso ela entrasse na casa e jamais a levaríamos lá", afirmou Ricardo Viana.

Tiro no suspeito 
Outro detalhe fornecido pela PM na coletiva foi sobre a decisão de atirar no suspeito para libertar os reféns, após mais de 15 horas de negociações.

De acordo com o comandante da 1ª Região da Polícia Militar, coronel Micael Henrique Silva, a Polícia teve "diversas oportunidades para atirar".

"Porém, consideramos que não era o momento pois acreditávamos que ele ainda poderia entregar os reféns. O pastor da igreja que ele frequenta e a mãe dele estiveram no local e tentaram dissuadi-lo. Em casos como esse, tentamos preservar a vida de todos até o esgotamento das negociações", afirmou o coronel.

Segundo ele, o homem foi se mostrando cada vez mais exaltado com o passar das horas e chegou a "dar um ultimato".

"Ele falou que daria um tempo para ter seus desejos atendidos. Caso contrário, mataria os reféns e chegou a colocar a arma na cabeça da criança. Pesou muito o fato de o suspeito, durante várias vezes, ter dito que não sairia dali com vida e levaria alguém com ele", disse Micael Silva.

De acordo com o comandante, a geografia da casa também fez com que eles tomassem a decisão de atirar.

"Em alguns casos, é possível entrar e libertar as vítimas. Nessa situação, porém, eles estavam no segundo andar da casa, dando uma visão privilegiada do suspeito. Além disso, havia uma escada estreita com 30 degraus, o que dificultaria o acesso", informou.

Ainda conforme o coronel, "não é possível dar detalhes sobre o cômodo da casa ou posição do suspeito no momento do tiro, pois isso poderia prejudicar casos futuros".

Após o disparo, o homem foi retirado com vida e levado para o hospital João XXIII, no Centro de BH.

O governador Romeu Zema, candidato à reeleição, também esteve na coletiva e elogiou a atuação da PM.

"A Polícia Militar tem sido muito bem treinada e a operação de hoje servirá como aperfeiçoamento para as próximas. O ideal é que ninguém tivesse sido ferido hoje. Mas, infelizmente, não foi possível", declarou.

Crime perverso 
Outro detalhe fornecido pela Polícia diz respeito a outro crime cometido por Leandro Pereira alguns anos atrás. Ele foi condenado a 14 anos de prisão após matar a ex-mulher em 2008.

"A forma como ele cometeu esse feminicídio foi totalmente perversa. Ele enforcou a mulher com o próprio sutiã e depois ainda colocou um rato na boca dela", revelou coronel Ricardo Viana.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp) informou que o suspeito ficou preso entre junho de 2008 e junho de 2016. Ele estava em liberdade condicional.

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