
Além de Viçosa, na Zona da Mata, mais cem municípios decretaram situação de emergência em Minas por causa da seca. No ano passado, 143 prefeituras tinham assinado este decreto até o final de agosto. Mesmo com a queda, o quadro é preocupante, como avalia o secretário da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), Ronilson Caldeira.
Convênio com o Ministério da Integração Nacional garantiu R$ 7 milhões para contratar 120 caminhões-pipa em 48 municípios. Mais R$ 3 milhões estão na Secretaria de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste (Sedinor) para contratar adutoras de engate rápido, tubulação de aço sob a terra que acelera o socorro aos atingidos pela estiagem. A Cedec distribuiu 20 mil cestas básicas a 92 cidades e estima chegar a 35 mil este ano.
O drama dos sertanejos é agravado porque secaram 70% dos 730 rios e córregos mais importantes do Norte de Minas, afirma o coordenador técnico da Emater em Montes Claros, Reinaldo Nunes de Oliveira. “São quatro anos consecutivos de seca e vamos para o quinto”.
Na falta de alternativas para a crise hídrica, a região reduziu o rebanho bovino a menos da metade e a área plantada encolheu. “As perdas na agricultura foram de 85%. Dos 4 milhões de hectares de pastagens, 70% terão de ser recuperados”, diz Oliveira.
Carros-pipa
Na comunidade de Tiririca, em Brasília de Minas, a lavradora Anita Araújo, de 72 anos, depende do carro-pipa, que passa uma vez por mês para encher a caixa d’água que ela ganhou do governo. Com a seca, Anita parou de criar porcos e de plantar. “Não colhi nada. Paguei para gradear (arar) a terra, plantei e não salvou nada. Só tomei prejuízo”.
Há três anos, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) abriu um poço na comunidade. Em seguida, a Cemig instalou a energia.
E parou por aí. O poço tem bomba de energia e caixa d’água de 5 mil litros, mas está inativo, reclama o lavrador José Geraldo Ribeiro Souza, de 35 anos.
Por falta de entendimento entre a Prefeitura de Brasília de Minas e a Codevasf, muitas famílias da comunidade de Campo Velho esperam a abertura de um poço há mais de um ano, promessa registrada em cartório, segundo a agricultora Dilza Ribeiro, presidente da associação comunitária local.
Prefeitos reivindicam proteção de veredas, matas ciliares, e instalação de caixas d’água para coletar água da chuva