Moradores de um prédio no bairro Manacás, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, acusam uma empresa de fabricação de elevadores de dar calote de R$ 72 mil por não entregar o produto já pago.
Além do prejuízo, residentes com dificuldade de locomoção sofrem com a falta do equipamento. A fabricante nega calote e alega dificuldades financeiras. A Polícia Civil investiga o caso.
De acordo com um morador do prédio, que pediu para não ser identificado, ele e outros 26 moradores se juntaram para arrecadar o dinheiro necessário para a instalação de um elevador no edifício. Em 2021, eles fecharam contrato com uma empresa com sede no bairro Cachoeirinha, região Nordeste de BH, que assumiu a responsabilidade de instalar o equipamento em abril de 2022.
No entanto, o produto não foi instalado e a empresa passou a ignorar as ligações dos moradores.
No prédio residem ainda dois moradores com dificuldade de locomoção. Um deles, que sofre de obesidade, relatou à reportagem do Hoje em Dia que passa até 7 dias sem sair de casa devido a dificuldade de subir as escadas para chegar no apartamento onde mora, no 4º andar.
"Tô passando por muita dificuldade. Tenho um problema sério de hipertensão e problema nos joelhos. Para subir esse quatro andares é uma dificuldade muito grande e eu fico sem ar. Eu fico, muitas vezes, a semana inteira sem sair porque as condições de subir e descer escada para mim não são favoráveis. Eu estou ficando mais doente sem esse elevador", reclama.
Sem solução para o problema, o condomínio está com a obra parada há mais de um ano. Os moradores tentam, na Justiça, uma forma de conseguir a instalação do equipamento ou de reaver o valor investido.
Investigação
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que uma investigação está em andamento na Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor e disse que as vítimas já estão sendo ouvidas. O caso é tratado como crime de estelionato.
A Polícia Civil também pede que pessoas que acreditem terem sido vítimas de da empresa procurem as autoridades.
Sócio alega 'problemas financeiros'
A reportagem tentou contato com dois sócios da empresa. O empresário Marcelo Brum disse que a empresa passa por dificuldades financeiras devido à crise causada pela pandemia da Covid-19. Ele garante que a fabricante vai cumprir com o contrato firmado com os moradores.
"O estrutural deles está pronto. Tivemos uma dificuldade financeira, em função da restrição ocorrida durante e após a pandemia, nós tivemos um número de inadimplentes grande e isso afetou diretamente o nosso financeiro. A intenção é que a gente consiga entregar e sanar todas as dívidas, tanto com clientes como com fornecedores. Estamos dispostos a esclarecer qualquer dúvida e vamos honrar com os nossos compromissos", afirmou.
Sobre a ausência nas audiências, Brum alega que a empresa não foi notificada. Ele ainda ressalta que, devido aos problemas financeiros, a fabricante não possui advogado de defesa.
A reportagem também tentou contato com a outra sócia da empresa, mas não houve retorno. A matéria será atualizada tão logo a empresária se posicione sobre o caso.