"Entardecer das garças" promete levar centenas a Ilha dos Amores

Margarida Hallacoc - Hoje em Dia
08/11/2013 às 22:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:02
 (Rachel Cohen/Divulgação)

(Rachel Cohen/Divulgação)

Elas chegaram há algum tempo, nem eram tantas. Com o passar dos anos foram aumentando e hoje já são milhares as garças que adotaram a Ilha dos Amores, que fica dentro do Parque das Águas, em São Lourenço, no Sul de Minas, para pernoitar. As aves elegeram as árvores do local como dormitório no período da primavera e do verão, época de acasalamentos e de providenciar ninhos para os filhotes.  Boas madrugadeiras que são, elas deixam o aconchego dos troncos hospitaleiros antes mesmo do amanhecer e voam para outras paragens, sempre margeando o Rio Verde, principal atrativo desse revoar. É tanta garça e tanta beleza que alguns moradores da cidade também acabaram por desenvolver o hábito de ir até a Ilha dos Amores ao cair da tarde só para apreciar o balé das aves.    São moradores como Rachel Cohen, que descobriu no local a beleza dos pássaros. Dona de uma loja no centro da cidade, ela conta que nos dias mais difíceis e estressantes, quando fecha as portas ao fim da tarde, costuma se dirigir para a Ilha só para olhar as garças. “Não tem remédio melhor, não tem calmante igual, nada que se equipara ao benefício desta contemplação. É algo extraordinário”, resume.    Admirada com tanta beleza, a empresária fez um filme e várias fotos das garças. Depois, resolveu montar um projeto cultural no local, tendo a graça do voo das garças como pano de fundo. “Achei na verdade que eu estava sendo egoísta por ver aquilo tudo sozinha e pensei que poderia compartilhar com mais pessoas”, fala. Neste sábado (9), acontece o primeiro "Entardecer com as Garças", na Ilha dos Amores, projeto que tem o apoio da Nestlé Waters.   Outras tardes de sábados quentes e ensolarados devem continuar com a atração no decorrer da primavera e do verão. Enquanto os convidados se ajeitam no local para ver in loco o espetáculo da nuvem de garças brancas, um barco a remo, silencioso, contornará a Ilha dos Amores, levando a bordo um saxofonista que tocará para os dois públicos: as garças e os humanos. A ideia, segundo Raquel, é repetir a atração nos próximos sábados de sol, levando também  para a Ilha exposições de fotos, filmes e grupos de balés, incumbidos de somar-se à leveza do balé inigualável das garças. “Serão sábados diferentes, mágicos para quem curte natureza, boa música e esteja interessado em um momento de paz”, propõe Raquel.   Garças   O biólogo Fernando Bonilo explica que as garças, como outros pássaros, precisam do amparo de momentos propícios da natureza para se reproduzirem. Na primavera e no verão elas têm mais chances de encontrarem alimentos em função das cheias dos rios e migram para regiões favoráveis a isso. “Nós, humanos, temos filhotes em qualquer época, vamos ao supermercado e compramos alimentos também em qualquer tempo. Na natureza, a coisa não funciona assim. Reproduzir vem com a incumbência da responsabilidade de  encontrar alimentos para suprir as necessidades dos filhotes e isso não se tem todo dia”, explica.    Ele ressalta a importância do fenômeno das cheias dos rios que inundam as suas margens ao mesmo tempo em que traz para o leito alimento para os peixes. “A cheia é a vida do rio, o momento em que ele extravasa, inunda e fertiliza o seu redor para propiciar a reprodução da vida nas mais diversas formas, seja as das plantas, dos pequenos insetos e crustáceos que por sua vez irão alimentar os peixes, que alimentam os pássaros fazendo assim a vida acontecer para toda uma cadeia. Sem as cheias, não se tem isso,” ressalta.   No caso específico das garças, ele ressalta que elas alimentam seus filhotes principalmente dos pequenos cardumes de peixes que se reproduzem nos poços d’água, aqueles que permanecem por algum tempo nas várzeas ao lado do leito dos rios depois que enchente vai embora.

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