Retomar a vida em uma cidade devastada pela lama, depois de um desastre que deixou pelo menos 166 mortos, é o maior desafio para os moradores de Brumadinho, na Grande BH. Contribuir com essa árdua tarefa é a proposta da NaAção, organização social sem fins lucrativos que já atendeu 423 pessoas no município desde o rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro.

A instituição tem como foco incentivar o empreendedorismo social e despertar a capacidade de autoaprendizado, ou seja, a descoberta de habilidades que permitam o crescimento pessoal e da comunidade em que o indivíduo está inserido, sem a dependência de terceiros.
Fundadora do projeto, Carolina Antunes explica que o trabalho em Brumadinho vem obedecendo às demandas primordiais da cidade, desde o dia da tragédia. Ela conta que a primeira ação foi acolher familiares de desaparecidos. 

Psicólogos voluntários foram reunidos pela instituição para somar forças com o trabalho que já estava sendo feito pelos órgãos públicos responsáveis e o vínculo entre a organização a população começou a se fortalecer. “A própria comunidade de Parque da Cachoeira, onde temos trabalhado, cedeu uma casa para que os atendimentos continuem a acontecer”, diz Carolina. A meta da equipe é permanecer no local por, no mínimo, seis meses. 

O processo de impacto social proposto pela NaAção é de médio a longo prazos. A ideia é resgatar a autonomia da comunidade ainda profundamente abatida com tantas perdas materiais e, principalmente, humanas. 

Mas o cenário de terra arrasada pode e deve mudar. Pelo menos é esse o objetivo do trabalho da organização social, mapeando oportunidades de novos negócios e oferecendo aos moradores maneiras de promover o desenvolvimento econômico.

“Buscamos parcerias com outros institutos para descobrir as melhores áreas de investimento”, explica Carolina. “Infelizmente, a economia local ainda é totalmente vinculada e dependente da mineração”, destaca.

Empecilhos

A debandada de grande parte dos voluntários que chegaram a Brumadinho nos primeiros dias após o desastre também tem dificultado o trabalho da NaAção. 

Carolina explica que a cidade tem ficado cada dia mais vazia, o que torna o luto da população ainda mais solitário. “Mas não vamos deixá-los”, garante. “Estamos na busca de pessoas com a mesma visão, que queiram cuidar da cidade no médio e longo prazo. Se não for assim, como essas pessoas vão viver?”, observa.

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