"Era muito possível que viesse a acontecer", diz ministra do STF sobre tragédia em Mariana

Renato Fonseca – Hoje em Dia
20/02/2016 às 12:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:30
 (OAB/Divulgação)

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MARIANA – Nada sobre as delações premiadas da operação "Lava-Jato", prisão de condenados em segunda instância, tampouco os depósitos judiciais utilizados pelos governos. Aguardada desde a última quinta-feira (18), na cidade da região Central de Minas, a jurista mineira, ministra e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha evitou falar sobre temas que estão em ampla discussão no país e o papel do STF em cada um deles.

Convidada para participar, neste sábado (20), de um seminário promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), em Mariana, Cármen Lúcia esteve à frente da conferência magna de encerramento. A palestra ministrada pela jurista, que é natural de Montes Claros e foi criada em Espinosa, ambas no Norte de Minas, tinha como tema o papel do STF como guardião dos interesses difusos e coletivos.

Terminada a palestra, durante conversa com a imprensa, a ministra disse que não ia responder questões relativas às discussões no STF. “Sobre o Supremo, eu não falo aqui”. Em sua fala no centro de convenções aos participantes do evento, porém, disse que “o Supremo pode errar, e erra. Somos os últimos a poder errar, mas estamos tentando acertar”.

Ainda na rápida entrevista falou sobre o desastre que matou e devastou povoados inteiros em Mariana. Para ela, o espisódio era uma tragédia anunciada. “Havia conversas de que se precisava de uma fiscalização maior há muitos anos. Acho que era muito possível de que viesse acontecer, como os próprios moradores falaram”, afirmou.

Morosidade

Cármen Lúcia também falou aos público presente sobre a morosidade da Justiça. Segundo ela, existem mais de 100 milhões de processos no país. E, segundo a ministra, 16 mil juízes em exercício. “É impossível não ter demora na resposta dos julgamentos. Terça-feira, só eu relatei 175. Para cada dois brasileiros, temos um processo”, disse.

Conforme a ministra, o Supremo tem a obrigação de garantir a Constituição. “Já li mais de cem constituições e não há nenhuma perfeita. O que é preciso é saber aplicá-la”. Para que evitar que outros ‘Bentos Rodrigues’ ocorram, ela destacou o papel da sociedade nos problemas do país. “O Estado somos nós. Depende cada um de nós e de todos nós. Só estampar uma norma não basta”.

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