Escolas de samba de BH temem ascensão dos blocos

Patrícia Santos Dumont - Do Hoje em Dia
16/02/2013 às 09:58.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:02
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Com a redescoberta pelo belo-horizontino do Carnaval de rua, a prefeitura pretende investir mais, a partir do ano que vem, no que parece ser a nova vocação da cidade. Este ano, dezenas de blocos levaram milhares de foliões às ruas da cidade, influenciando uma parcela significativa da população que optou por ficar em BH no feriadão. Esse movimento, que representa o renascimento da festa na cidade, embora positivo para o turismo da capital, deixa as escolas de samba receosas. O temor é de que os recursos municipais fiquem ainda mais escassos em detrimento da melhora na infraestrutura dos blocos.

O presidente da Belotur, Mauro Werkema, sinalizou para essa possibilidade em pelo menos três ocasiões. Na última delas, ontem, afirmou: “Sem desmerecer as escolas e os blocos caricatos, acho que encontramos nossa identidade, nossa vocação nos blocos de rua. São democráticos, abertos, estão em toda a malha urbana”. Apesar de garantir que o apoio às escolas será mantido, Werkema aposta no fortalecimento das agremiações enquanto organizações perenes e na busca por recursos próprios.

“A prefeitura mantém a decisão de apoiá-las, mas um apoio enquanto organização, como empresa, em função da realidade relativamente nova, da explosão dos blocos de rua na cidade”, disse.
Apesar de temerem a supervalorização dos blocos e, consequentemente, o enfraquecimento dos desfiles das escolas, representantes das agremiações não apontam solução para a falta de diálogo com o poder público.

“Somos empresas e pagamos impostos, mas é impossível nos organizar como tal. Tudo o que é feito é improvisado. Mais da metade da mão de obra é paga. E cara. Não temos uma estrutura própria, como no Rio, e fica praticamente impossível ter uma organização melhor. A cidade se envolve, mas se a prefeitura não investir, o Carnaval vai ser a mesma coisa todo ano, apesar do crescimento”, afirmou o presidente da Associação Cultural Samba Dez, que reúne as agremiações de Belo Horizonte, Luiz Carlos Novais. Uma reunião entre as escolas, blocos de rua e caricatos e a prefeitura, quando serão discutidas as diretrizes do Carnaval de 2014, está prevista para a próxima semana.

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