Áudio criado por IA

Estelionatários já usam até Inteligência Artificial para cometer golpe do 'falso advogado' em Minas

Golpistas geram “áudios” de profissionais do Direito com IA para induzir pessoas a realizar pagamentos

Bernardo Haddad
@_bezao
Publicado em 25/08/2025 às 17:36.Atualizado em 25/08/2025 às 17:45.

Estelionatários turbinaram o golpe do “falso advogado” em Minas, que já soma pelo menos 500 casos em menos de oito meses. Agora, além de usar o nome e a imagem de profissionais do Direito, os bandidos recorrem à Inteligência Artificial para criar áudios falsos, informando pessoas com ações judiciais que o processo foi finalizado e que elas têm valores a receber. 

Com o áudio simulado pela IA, os golpistas confirmam dados com os clientes e, em seguida, realizam cobranças para liberar as indenizações. O advogado Paulo Goulart, do escritório Goulart & Galon, teve a voz simulada por IA. O conteúdo foi compartilhado com o Hoje em Dia.

Goulart não soube precisar quantos clientes receberam o áudio, mas explicou que vários entraram em contato para verificar a veracidade da mensagem, sendo alertados sobre o golpe. 

“Infelizmente, estamos vendo um avanço dos estelionatários no golpe do falso advogado. Antes, enviavam mensagens, usando nossas fotos, tentando convencer os clientes. Agora, o uso da IA para o mal, usando a minha voz, indicando que aquele cliente teria um valor a receber”, destaca.

O advogado conta que um dos clientes acabou caindo na conversa do golpista e fez um pagamento de cerca de R$ 3 mil. “Ele veio ao escritório e nos questionou. Alertamos sobre o golpe e o orientamos a fazer um boletim de ocorrência, emitindo também um aviso à instituição bancária sobre a transferência fraudulenta”, disse Paulo Goulart. 

Ações trabalhistas e previdenciárias são as mais exploradas

Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG), ações trabalhistas e previdenciárias (como aposentadorias e revisões de benefícios) são as mais exploradas pelos golpistas. A OAB informou que faz campanhas direcionadas à sociedade e à advocacia para alertar sobre o golpe e como se proteger. 

Por nota, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que os dados de processos públicos são disponibilizados conforme previsão legal. As plataformas de consulta não são de responsabilidade exclusiva do TJMG, mas geridas e supervisionadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Ressaltamos que todo cidadão tem acesso às informações de processos quando estes não tramitam sob segredo de justiça. Eventuais desvios devem ser denunciados aos órgãos competentes, tais como a Polícia, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e, no âmbito do TJMG, a Corregedoria-Geral de justiça".

A Polícia Civil informou que os casos só podem ser investigados desde que haja representação formal da vítima. A orientação é que qualquer pessoa lesada compareça à delegacia mais próxima com os documentos e provas disponíveis.

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