Estresse afeta um em cada três motoristas de ônibus em BH e região

Carlos Calaes - Hoje em Dia
28/03/2013 às 10:52.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:21
 (Gabriel Pascoal Filho/Colaborador)

(Gabriel Pascoal Filho/Colaborador)

  O incidente da última quarta-feira (27) na avenida Mario Werneck, no Buritis, região Oeste da capital, quando um motorista sofreu um surto nervoso e abandonou o ônibus da linha 9250 (Nova Cintra/Caetano Furquim), é apenas a ponta de um problema mais grave.    Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte e Região Metropolitana, dos 10.200 motoristas e cobradores associados, cerca de 30% tiveram ou têm algum tipo de problema físico ou psicológico, decorrente da tensão e estresse do dia a dia da profissão.   Projeção   Segundo informa o diretor de imprensa do Sindicato dos Rodoviários, Carlos Henrique Marques, a Grande BH tem cerca de 26 mil motoristas e trocadores, ou seja, mais que o dobro dos profissionais sindicalizados. Ele acredita que a mesma proporção dos não associados (em torno de 30%) apresentam os mesmos problemas.   “O motorista começa o dia sob pressão. Recebe reclamação e cobrança da fiscalização, da empresa, dos passageiros, dos motoristas, dos motoqueiros e ainda é obrigado, muitas vezes, a dobrar a jornada de seis horas e quarenta minutos. Assim, nenhum ser humano aguenta”, resume Marques.    De acordo com o sindicalista, um motorista recebe hoje R$ 1.585,18 por uma jornada de seis horas e quarenta minutos, mas não são raros os casos dos que dobram o turno. Uma média de cinco coletivos são assaltos por dia na região metropolitana, conforme o sindicalista.    Surto   No incidente da última quarta-feira (27), um motorista da linha 9250, identificado apenas como “Álvaro”, teria se irritado com uma passageira que insistiu em embarcar no coletivo já lotado. O motorista alegou que só seguiria a viagem se ela desembarcasse. Segundo testemunhas, a mulher e outros passageiros começaram a vaiar e a caçoar de Álvaro.    De acordo com relato de um passageiro, o motorista saiu do ônibus e disse que “não era obrigado a trabalhar nessas condições e ainda aguentar desaforos”.   Logo depois, Álvaro deixou o local e os passageiros no meio do caminho. Revoltados, eles acionaram militares da 126ª Companhia do 5° Batalhão, que registraram a ocorrência.   O Sindicato dos Rodoviários tentou contato com o motorista para oferecer assistência jurídica e psicológica, mas não conseguiu. Em 2012, casos semelhantes ocorreram nas avenidas Augusto de Lima e dos Andradas. “Não é tão incomum assim”, afirmou Carlos Marques.

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