POLÊMICA

Exposição na Assembleia Legislativa é interditada após protestos de grupo religioso e deputado

Rodrigo de Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
19/09/2022 às 18:59.
Atualizado em 19/09/2022 às 19:07
Obra "Descorpo", de Carlos Barroso na exposição Deslocamento (Carlos Barroso)

Obra "Descorpo", de Carlos Barroso na exposição Deslocamento (Carlos Barroso)

Uma exposição de arte que estava em cartaz desde 5 de setembro na galeria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi interditada nesta segunda-feira (19) após protestos do Movimento de Valores Pelo Brasil (Mova) e do deputado Carlos Henrique (Republicanos). A mostra foi selecionada por meio de edital de concorrência pública da ALMG.

Os protestos foram publicados nas redes sociais e acompanhados da informação de que uma manifestação contra a mostra seria feita nesta terça-feira (20) em frente à Assembleia. Os opositores alegam que o artista, o poeta e jornalista Carlos Barroso, autor da exposição "Deslocamento", "ataca a fé por meio das obras".

A interdição foi comunicada ao artista na manhã desta segunda, pelo diretor-geral da ALMG, Cristiano Félix, que informou que a exposição teria que ser retirada para zelar pela segurança da Casa, tendo em vista a previsão de manifestação.

"Considero isto uma censura e um atentado à liberdade de expressão. É resultado da ação de grupos fundamentalistas, que são ignorantes e atacam a arte e a educação", disse Carlos Barroso.

O artista negou as alegações de que "ataca a fé alheia" e afirmou que "o papel da arte é fazer pensar".

"Meu intuito é fazer questionar o uso político e econômico da religião. A arte contemporânea é aberta à interpretação de quem vê. Inclusive tenho formação cristã e respeito todas as religiões", afirmou Carlos.

Já o coordenador do núcleo de articulação política do Mova, Uner Augusto, disse que "não houve censura" e que "não existe direito absoluto na arte".

Obra "Cristo a metro", de Carlos Barroso na exposição Deslocamento (Carlos Barroso)

Obra "Cristo a metro", de Carlos Barroso na exposição Deslocamento (Carlos Barroso)

"Ele avançou o sinal vermelho e acabou ofendendo. Uma das obras mostra uma estola sacerdotal vermelha exposta sobre uma peça de lingerie com decote e seios. Ela profana um objeto sagrado para os católicos, que é a estola", disse o coordenador.

A obra citada por Uner se chama "Descorpo" e faz parte da exposição na galeria da Assembleia.

Segundo Carlos Barroso, a ALMG quer as obras sejam retiradas e levadas para outro local.

"Não tenho condições de transportar isso de uma hora para outra, por serem peças grandes. A previsão inicial era de que a exposição ficaria em cartaz até dia 23. Fui pego de surpresa", alegou o artista.

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