(Arquivo Hoje em Dia)
O fator “falha humana” está entre as principais causas para explicar a elevação do número de acidentes aéreos no Brasil. As estatísticas podem bater novo recorde neste ano, alertam especialistas.
Em 2010, segundo relatório divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foram registradas 110 ocorrências, média de nove casos por mês. Em 2011, foram 156 acidentes, 13 por mês, o que representa um aumento de 41%.
Das ocorrências contabilizadas em 2011 – o maior registro desde 2001 –, 130 foram com aviões e 26, com helicópteros.
O diretor da Associação Brasileira de Aviação Civil (Abrapac), Rogério Aguirres, adverte que, se nada for feito, o país pode superar, neste ano, os casos registrados em 2011 e bater novo recorde.
Até o dia 15 desse mês, 99 ocorrências, média de 12 por mês, foram contabilizadas pelo Cenipa.
Mas o número cresce a cada dia. No último sábado, o diretor e ex-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) Orestes Prata Tibery Júnior, e a mulher dele, Elen Martins Prata Tibery, além do piloto da aeronave de pequeno porte, morreram em um acidente que aconteceu no município de Água Clara (MS).
Campanhas
Para minimizar a preocupante situação, na avaliação de Aguirres, os órgãos competentes deveriam realizar, de maneira sistemática, campanhas educativas em empresas aéreas e oficinas especializadas.
Além disso, considerando a constante evolução tecnológica de aeronaves e sistemas, o diretor da Abrapac julga ser necessário investir mais no treinamento e na capacitação de pilotos, ação que também contribuiria significativamente para reverter o quadro.
“As falhas humanas são preponderantes. No entanto, são causadas, com frequência, por fatores externos, como a pressão exercida por proprietários das empresas para o cumprimento de metas, além das condições mecânicas e meteorológicas”, assinala o diretor da Abrapac.
Mais rigor
O comandante Carlos Camacho, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), também se mostra preocupado com a formação inadequada de pilotos.
“Na escalada da atividade, o erro humano, seja ele cometido por imprudência, imperícia ou negligência, ainda é a principal causa dos acidentes. E o problema é organizacional, ou seja, nasce dentro das próprias empresas”, assinala.
O comandante ressalta que todas as empresas aéreas, em especial as que trabalham com aviões de pequeno porte, deveriam ser fiscalizadas com mais rigor.