Familiares e amigos da advogada Carolina da Cunha Pereira França Magalhães - morta em 2022 - se reuniram na tarde desta quarta-feira (20), em frente ao prédio da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), no Barro Preto, em BH, para clamar por justiça. O ato começou momentos antes do depoimento do advogado de 45 anos ex-namorado dela e acusado de feminicídio.
Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes entoaram frases como “Justiça por Carol” e cobraram que o homem seja responsabilizado pela morte. O protesto faz parte da mobilização da família, que desde o início do caso insiste que a advogada não teria tirado a própria vida.
A mãe da vítima, a advogada Maria Ignês da Cunha Pereira França Magalhães, disse acreditar que as provas reunidas no processo não deixam dúvidas sobre a autoria do crime. “Nós temos muita esperança e certeza de que essa justiça será feita. O que nós desejamos não é vingança, de forma alguma. Nós desejamos a verdade e que haja punição para que a violência, o feminicídio, em razão da mulher ser mulher, haja um basta”, afirmou.
Ela acrescentou que o depoimento do acusado encerra a fase de instrução e que a expectativa é de um desfecho em breve. “As provas dizem mais do que o que ele diz, as provas demonstram que efetivamente ele cometeu o feminicídio”, completou.
O cunhado de Carolina, Gabriel Linhares, reforçou a luta da família. “A gente está aqui representando a Carol e todas as mulheres que sofreram ou possam sofrer violência. A punição precisa ser exemplar para mostrar que a justiça faz diferença”, disse.
A audiência de instrução do caso ocorre no 1º Tribunal do Júri Sumariante de BH. Em maio, treze testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas.
O Hoje em Dia tenta contato com a defesa do suspeito. Essa reportagem será atualizada em caso de retorno.
Relembre o caso
Carolina França, de 40 anos, foi encontrada morta em 8 de junho de 2022, após cair do oitavo andar de um prédio no bairro São Bento, em Belo Horizonte. Inicialmente, o caso foi tratado como suicídio, mas a Polícia Civil concluiu que se tratava de homicídio.
O ex-namorado dela foi acusado de homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, sem chance de defesa e utilizando recurso que dificultou a reação da vítima. Segundo as investigações, ele teria agredido Carolina no apartamento, tentado limpar a cena do crime e, em seguida, jogado o corpo da advogada pela varanda.
O processo se arrasta há dois anos e o caso ganhou grande repercussão pela gravidade das denúncias. Carolina deixou dois filhos.
*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca
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Familiares, amigos e apoiadores se reuniram em frente ao TJMG, no Barro Preto, cobrando a responsabilização do acusado pela morte de Carolina França (Maurício Vieira/Hoje em Dia)
Cartazes exibidos durante o protesto pediam o fim da violência contra a mulher (Maurício Vieira/Hoje em Dia)