Febre maculosa: entenda como a doença é transmitida

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
07/09/2016 às 07:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:43
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

A morte de um menino de 10 anos, supostamente por febre maculosa, deixa famílias de Belo Horizonte em alerta. Os pais temem que ao visitar atrativos da Pampulha, os filhos possam ser picados pelo carrapato-estrela – transmissor da doença. Fotos, mensagens e áudios chamando a atenção para o perigo circulam nas redes sociais. A prefeitura, no entanto, atesta que os locais são seguros e descarta o risco.

O garoto faleceu no último domingo. Ele tinha visitado o Parque Ecológico da Pampulha junto com um grupo de escoteiros e, pouco tempo depois, morreu. A causa do óbito é investigada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). O resultado deve ser divulgado nos próximos dias.

Apesar do executivo municipal reforçar que não há registro de contaminação na região, algumas pessoas pregam cautela. A consultora de vendas Luciana Cristiane Santos não pensa em levar os dois filhos, de 5 e 7 anos, até a área. “Não levava antes porque me falaram que um homem teria contraído a doença lá e também pela presença das capivaras. Agora, com essa nova suspeita, não levo mesmo”.

O coro é engrossado pela professora Adriana Moreira. Ela disse ter receio de ir ao local com a filha de 11 anos e o filho de 7 até o parque e opta por passear com os pequenos em outros pontos turísticos de BH. “Até que a resposta definitiva seja dada, é melhor evitar”, defende. A docente frequenta a Pampulha com os filhos, mas não permite que eles brinquem na grama.

O biólogo e consultor ambiental Diego Lara não descarta o risco. “Existe sim, porque o hospedeiro e o carrapato estão lá”, observa. O especialista lembrou que capivaras são comuns em vários pontos na Grande BH, contudo, na Pampulha a situação é mais relevante pelo fato de ser utilizada frequentemente pela população. “Não digo que é o caso de proibir a visitação, mas os cuidados devem ser tomados”, acrescenta.

Suspeitas

A Prefeitura de BH trabalha com várias hipóteses para a morte, incluindo dengue e leptospirose. Ainda conforme o executivo municipal, nos últimos dois anos nenhum caso de febre maculosa foi registrado na capital. Das 72 notificações em 2015 e 2016, todas foram investigadas e descartadas.

No Estado, neste ano, cinco pessoas foram infectadas e duas morreram. Em 2015 foram registrados 18 casos, com seis óbitos. O surto da doença em Minas aconteceu em 2008, quando dez pessoas perderam a vida por causa da febre maculosa.

Para manter a enfermidade fora de circulação em BH, ações preventivas são realizadas. No caso específico do Parque Ecológico, toda a área de conservação ambiental foi cercada.

Polêmica

A polêmica envolvendo as capivaras da Pampulha se arrasta há anos. A prefeitura tenta retirar os roedores da região e chegou a remanejar os animais para uma área fechada. Porém, após a mortandade dos bichos, no início deste ano a Justiça Federal mandou liberá-los na orla da lagoa. 

Na época, 14 animais foram soltos e nenhum apresentava bactéria de febre maculosa. A PBH recorreu e, desde março, batalha para reverter a decisão para voltar a alojar as capivaras na Fundação Zoo-Botânica de BH.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente não se manifestou sobre o caso. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por sua vez, informou que é responsável somente por espécies exóticas e ameaçadas de extinção, não sendo o caso das capivaras.

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