Um fóssil de preguiça-gigante da extinta família Scelidotheriinae, de aproximadamente 2,5 m de comprimento, foi encontrado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-Minas), em Pains, região Centro-Oeste de Minas, nesta semana. Ossos do animal estavam em uma gruta e serão transferidos para o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte.
A espécie viveu no período Pleistoceno, conhecido como a “Era do Gelo”, época geológica que durou de 2,5 milhões a 11.700 anos atrás. O mamífero pertence a Superordem dos Xenartros (tatús, tamanduás e preguiças) e diferente dos bicho-preguiça encontrados atualmente no Brasil, que vivem pendurados em árvores, a preguiça-gigante tinha hábito terrícola, ou seja, caçava, se abrigava e caminhava pelas florestas e campos das Américas, apoiando-se na parte lateral dos pés.
A preguiça-gigante era herbívora graminívora (comia gramas) e complementava a dieta com tubérculos. A espécie também era capaz de escavar o solo com suas alongadas garras para procurar alimentos e fazer tocas.
Os pesquisadores e paleontólogos Bruno Kraemer e Luiz Eduardo Panisset Travassos, do Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Humanas da universidade, que lideraram as escavações, contam que, para sobreviver em condições adequadas, as preguiça-gigantes cavavam túneis e câmaras subterrâneas onde se abrigavam em climas adversos ou para procriar.
“Outro aspecto inerente a essa espécie é que “viviam num ambiente de savana intertropical (cerrado) com manchas de matas de galerias, onde poderiam obter alimentos ricos em águas e nutrientes, como frutas e também beberem água. Mas predominantemente eram pastadores de campo aberto”, explica Kraemer.
Ambiente favorável
Durante as pesquisas desenvolvidas pelos paleontólogos ficou evidente que em Pains a conservação dos fósseis em cavernas é favorecida pelo ph básico do calcário que se dissolve na água, vindo a percolar as estruturas esqueléticas dos ossos depositados pelas enxurradas ou por morte in loco.
“A descoberta atual tem relevância local e regional, dado que na região cárstica de Pains não se deram achados fósseis além do mastodonte na década de 1990. Esse é o novo “achado” que derruba o mito de que tal região não tem registros de megafauna expressivos além do mastodonte”, asseguram os pesquisadores Travassos e Kraemer.
Os trabalhos de escavação, identificação das peças fósseis e a remoção do material para o laboratório do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas devem levar cerca de uma semana nessa etapa final.
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