
Ao expedir a decisão judicial que culminou na prisão de oito funcionários da Vale na manhã desta sexta-feira (15) durante operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o juiz Rodrigo Heleno Chaves, da 2ª Vara da Comarca de Brumadinho, afirma que eles sabiam sobre a situação de instabilidade da barragem da Mina Córrego de Feijão, antes de seu rompimento no dia 25 de janeiro deste ano.
Conforme o documento, os oito investigados "tinham pleno conhecimento da situação de instabilidade da barragem B1 e tinham também poder/dever, cada qual dentro de suas atribuições orgânicas, de adotar providências para a estabilização da estrutura e/ou a evacuação da área de risco, tendo se quedado inertes".
Dentre os funcionários detidos, estão responsáveis diretos pelo monitoramento in loco da barragem e também aqueles que participaram de conversas datadas da véspera do rompimento (23 e 24 de janeiro) em que falam claramente sobre as condições de anormalidade na estrutura.
Além disso, uma troca de e-mails entre alguns dos investigados falava sobre "a possibilidade da barragem I não passar", ou seja, não ser autorizada. O documento do MPMG descreve, inclusive, as manobras burocráticas tratadas para que a estrutura "passasse".
Procurados pela reportagem na chegada ao Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambliente (DEMA), os detidos e seus advogados não quiseram apresentar sua versão dos fatos. Dos oito presos, somente dois foram ouvidos nesta sexta-feira. Os depoimentos dos demais detidos devem acontecer na próxima segunda-feira.
Após os depoimentos, os funcionários da Vale foram encaminhados para unidades prisionais: os homens para a Penitenciária Nelson Hungria e as mulheres para o Presídio Estevão Pinto.
Por meio de nota, a Vale informou que "permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas".
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