Gestores públicos exigem economia do cidadão, mas dão mau exemplo em BH

Renato Fonseca - Hoje em Dia
25/04/2015 às 07:41.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:46
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia )

(Frederico Haikal/Hoje em Dia )

Num ambiente de crise hídrica, economizar virou regra universal. Mantra que rege cartilhas de conscientização de gestores públicos, repetido invariavelmente quando o nível de reservatórios diminui de forma assustadora. Mas nem sempre quem exige comportamento racional e exemplar pode ser considerado, de fato, um modelo a ser seguido.   Em Belo Horizonte, água é desperdiçada em prédio público e a iluminação das ruas fica ligada até com o sol a pino. Ao longo do principal corredor viário do Centro da capital, pelo menos três postes foram flagrados com as luzes acesas durante o dia. Em um deles, na avenida Afonso Pena, as testemunhas foram os ponteiros do relógio do prédio sede da administração municipal, que marcavam 13h30.   Próximo dali, mas em horário distinto, o desperdício ocorre no futuro Centro de Referência da Juventude (CRJ), na Praça da Estação. Criado para promover atividades de cultura, lazer, esporte e formação profissional, o espaço, por enquanto, não é um dos melhores exemplos em educação. Nos últimos dias, mesmo por volta da meia-noite, lâmpadas iluminam o interior vazio.    Pelo ralo  

Água de mina sai do prédio da Conab e é direcionada direto para o bueiro (Foto: Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)   Na avenida Prudente de Morais, na zona Sul, água de uma mina no subsolo do prédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) escorre direto para o bueiro. Uma bomba foi instalada para despejar a água, que passa por um cano improvisado. Problema antigo e ainda sem solução.   O desperdício, que segundo taxistas da região já dura anos, pode render pelo menos mais quatro meses. Somente em agosto terminam as obras de reforma no imóvel. Após a conclusão, um mecanismo para reaproveitar a água será criado, garante o superintendente regional da Conab em Minas, Osvaldo Teixeira.   Ele não soube dar detalhes do que será feito, mas adiantou que a água poderá será reutilizada nos jardins ou para lavar as instalações. “Essa é uma preocupação nossa. Estamos em busca de solução”.   As atitudes são condenáveis e podem refletir diretamente no comportamento do cidadão. “Se quem manda não obedece, por que devo fazer o mesmo? Infelizmente, esse pode ser o sentimento gerado”, afirma a psicanalista Soraya Hissa de Carvalho. Por outro lado, a profissional destaca que, em alguns casos, o mau exemplo pode ter efeito contrário.   “Existem pessoas que ficam revoltadas e se mobilizam. Daí nascem, muitas vezes, os movimentos populares. As pessoas se organizam e se unem para combater irregularidades”, acrescenta a psicanalista.     

Centro de Referência da Juventude, na Praça da Estação, ainda não foi inaugurado, mas estava com as luzes ligadas à noite; ao lado, postes iluminam a Afonso Pena mesmo de dia (Foto: Frederico Haikal /Hoje em Dia)   Mais 20 dias   Atualmente, Belo Horizonte tem cerca de 178 mil luminárias. A manutenção é feita pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Técnicos serão enviados aos pontos da Afonso Pena citados pela reportagem. Porém, o prazo para os reparos pode durar até 20 dias.   Quanto ao centro da juventude, a prefeitura informou que a empreiteira da obra e a Cemig realizaram testes, nos últimos 15 dias, nos sistemas elétrico e de ar-condicionado. Os trabalhos foram concluídos nesta sexta-feira (24).

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