
Quantas vezes você já atendeu o telefone e percebeu a pessoa do outro lado da linha calada, mesmo diante de repetidos “alô, alô, quem está falando”? Cuidado, esse silêncio pode esconder o “golpe da ligação muda”. Criminosos têm usado Inteligência Artificial para capturar e clonar a voz da pessoa. Na sequência, se aproveitam da fala gerada por IA para enganar parentes e amigos.
O novo golpe, também chamado de “roubo da voz”, já ocorre em Minas. O alerta é da Polícia Civil (PC). “Com essa voz clonada, os golpistas passam a realizar novas ligações para familiares e instituições financeiras, simulando pedidos de transferência, urgência ou autorização de operações bancárias”, explica o delegado Rafael de Freitas Faria, titular dos Crimes Contra o Patrimônio na 3ª Delegacia Regional de Ituiutaba, no Triângulo.
A identificação do crime ocorreu após relatos de vítimas. À polícia, as pessoas lesadas afirmaram ter recebido ligações “extremamente convincentes”, com a voz idêntica à do conhecido, solicitando dinheiro e dados pessoais.
Em alguns casos, breves conversas são iniciadas pelo golpista. “Para confirmar se o número é válido, se a pessoa costuma atender o telefone e fazer perguntas simples, com o intuito de captar a voz da vítima para aplicar outros tipos de golpe, o que levou à conclusão de que a captura dessa voz também faz parte da preparação do golpe”, acrescenta Rafael Faria.
Bandidos abusam do fator emocional
O número de vítimas que prestaram queixa na polícia mineira não foi informado. Mas os relatos recebidos confirmam o tom dramático usado pelos bandidos. “Há registro de situações em que familiares receberam ligações simulando pedidos de ajuda. Em algumas dessas ocasiões, os golpistas tentaram induzir transferências imediatas, explorando o fator emocional”.
Conforme o policial da 3ª Delegacia Regional de Ituiutaba, que faz parte do 9º Departamento de Uberlândia, a PC acompanha a evolução das tecnologias utilizadas pelos bandidos. “Os grupos criminosos estão bem atentos a essas ferramentas, e a Polícia Civil já tem investigações em andamento”.
Rafael Faria faz questão de reforçar outros cuidados, cada vez mais urgentes, como nunca repassar dados pessoais – nome completo, CPF, data de nascimentos e senhas – e jamais autorizar operações bancárias durante ligações ou mensagens.
Vítimas do “golpe da ligação muda” ou de outros devem entrar em contato com o banco e procurar a polícia para registrar um Boletim de Ocorrência.