Golpistas se passam por advogadas de sindicato para roubar aposentados do Estado; entenda o caso

José Vítor Camilo
18/07/2019 às 16:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:36
 (REPRODUÇÃO / GOOGLE STREET VIEW)

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Aposentados pelo Estado de Minas Gerais que tiverem precatórios a receber devem ficar atentos a um novo golpe que começou a ser aplicado nesta semana. Se passando pelas advogadas do Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Estado de Minas Gerais (Sindpúblicos-MG), os criminosos dizem que um valor de um processo judicial estaria disponível e que, para recebê-lo no dia seguinte e não dentro de vários meses, seria necessário depositar uma quantia em uma conta. 

A informação foi denunciada ao Hoje em Dia por uma das advogadas que atuam pelo sindicato e que, por segurança, preferiu não ser identificada. Segundo ela, desde a última segunda-feira (15) pelo menos dez servidores filiados já entraram em contato com a entidade relatando a tentativa de golpe. "Felizmente não tivemos informação de que alguém tenha chegado a depositar qualquer quantia. O problema é que tratam-se de processos de precatórios mais antigos, de pessoas com mais de 60 anos, que o Estado está pagando como crédito prioritário", explica. 

Para receber as quantias, os aposentados que foram abordados por telefone deveriam depositar quantias que variam de R$ 4 mil a R$ 9 mil. "Depois que começamos a receber estas denúncias, já publicamos em nosso site e redes sociais um aviso de que trata-se de um golpe. Também estamos mandando e-mail para todos os filiados fazendo este alerta. É preocupante, pois temos mais de 6 mil trabalhadores filiados e estas pessoas estão usando os nossos nomes (das advogadas), passando informações como o número do precatório, CPF da pessoa", diz a profissional. 

O Sindpúblicos-MG acredita que os golpistas provavelmente estão tendo acesso a estas informações por meio do Diário Oficial do Estado, uma vez que algumas intimações relativas a estes precatórios estão sendo publicadas com detalhes como o nome do credor, documentos, número do processo, nome do advogado e até mesmo o valor bruto a receber. "É uma informação que está ao alcance de qualquer pessoa e eles os utilizam para dar legitimidade ao golpe, passando a impressão de veracidade para as vítimas", pontua a advogada. 

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil (PC) informou que já existe uma investigação em andamento sobre este golpe, na 3ª Delegacia Centro. Entretanto, detalhes sobre os levantamentos não serão divulgados para que o andamento das investigações não seja prejudicado. As advogadas irão registrar em breve um Boletim de Ocorrência para denunciar o uso de seus nomes pelos golpistas. Elas tentam primeiro obter o número de telefone usado para falar com as vítimas, para apresentarem uma prova para a investigação. 

"Estava bom demais para ser verdade", diz vítima 

Aposentado da educação, Marcelo Cesáreo Simões, de 71 anos, recebeu uma ligação dos golpistas no início da tarde desta quinta-feira (18). Primeiramente, o idoso afirmou que já havia recebido os valores de sua ação, mas os suspeitos insistiram dizendo que se tratava de um segundo precatório e que, para saber o valor, ele deveria entrar em contato com a advogada do sindicato, fornecendo um telefone de contato que não era o real da defensora. 

"Entrei em contato, pois ela cuidou do meu caso. A pessoa me disse que era a quantia de quase R$ 85 mil e que, se eu pagasse R$ 5 mil para o cartório hoje (quinta), receberia o valor amanhã (sexta-feira, 19). Se eu resolvesse não quitar essa taxa, eu ainda receberia o dinheiro, mas só daqui a mais de oito meses", detalhou. 

Foi então que, após desligar o telefone dizendo que estudaria a situação, Simões resolveu ligar para o Sindpúblicos-MG, onde confirmaram que se tratava de um golpe. "Estava bom demais para ser verdade. Não é fácil tirar dinheiro do Estado, no meu outro processo eu demorei quase 15 anos para receber, e era um valor bem abaixo", disse, com o bom humor, o aposentado. 

Como ele não chegou a pagar nenhuma quantia para os criminosos, o idoso não fez registro na polícia, porém, suas informações, como o número passado para ele, serão usados na denúncia à polícia. 

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