A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é a quinta do Brasil com menor nível de desigualdade social. Segundo levantamento do "Boletim da Desigualdade", da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a pobreza atinge quase 20 milhões de pessoas nas metrópoles brasileiras.
O estudo aponta que o cenário é de grave crise social, que se agravou devido aos efeitos da pandemia da Covid-19. Entre o 1º e o 2º trimestres de 2020, a desigualdade cresceu 6% nas regiões metropolitanas.
Para medir a diferença nos rendimentos, o levantamento da PUC-RS usou o coeficiente Gini, indicador que mede o grau de distribuição de renda entre a população, variando de zero a um.
O "zero" representa a situação de completa igualdade, em que todos teriam a mesma renda; já o grau "um" representa uma situação de completa desigualdade, em que uma só pessoa detém toda a renda.
Segundo o levantamento atual, no 2º trimestre de 2020 a média móvel do coeficiente Gini nas regiões metropolitanas brasileiras foi de 0,615. No mesmo período, a média móvel da Grande BH chegou a 0,586, bem abaixo da média nacional.
Nesse mesmo período, a metrópole com menor índice de desigualdade média foi Florianópolis, com 0,546 de média móvel do Gini. E a metrópole com maior desigualdade foi João Pessoa, com índice de 0,686.
Além de BH e Florianópolis, outras três metrópoles que ficaram abaixo da média móvel nacional foram Goiânia, Curitiba e Macapá.
Segundo André Salata, professor da PUC-RS, e um dos coordenadores do estudo, entre 2014 e 2021 a taxa de pobreza nas regiões metropolitanas subiu de 16% para 23,7%, o que, em termos absolutos, representa uma elevação de 12.5 milhões para 19.8 milhões de pessoas carentes.
"Essas são as desigualdades que vemos no dia a dia. São verdadeiros abismos sociais que podem se revelar num trajeto de menos de 15 minutos em muitas de nossas cidades, e que se tornaram ainda mais graves ao longo dos últimos anos, como mostram os dados", disse o professor.
Ainda de acordo com o estudo, em valores mensais, relativos a 2021, o ganho da população na linha de pobreza é de aproximadamente R$ 465 per capita. A linha de extrema pobreza chega a cerca de R$ 160 per capita.
A 9ª edição do "Boletim Desigualdade nas Metrópoles", foi produzido em parceria com o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). Os dados são provenientes da pesquisa PNAD Contínua anual, do IBGE.
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