O clima triste tão comum em hospitais está dando lugar a muita alegria entre pacientes, familiares e funcionários em unidades de saúde Belo Horizonte. A animação tem sido garantida por um grupo de palhaços em visita a cinco ambulatórios da capital nesta semana. Eles levam o ritmo das festas juninas e muita esperança para quem, muitas vezes, não pode acompanhar o arrasta-pé.
A iniciativa é do Instituto HAHAHA, organização não governamental de BH. Os “besteirologistas”, como são conhecidos os palhaços, estão indo a enfermarias, leitos e corredores dos hospitais das Clínicas, Baleia, João Paulo II, João XXIII e Santa Casa.
Ontem, teve forró, xote, baião e até quadrilha no Hospital das Clínicas, na região Leste da cidade. Na ala dos transplantes, a paciente Emily Brandão, de 5 anos, foi uma das que brincou com o grupo. “Essas ações mexem demais com a autoestima das crianças e da gente. Não tem como não entrar no ritmo com tanta animação”, comentou Arima Pereira, de 32, mãe da menina.
Além da visita especial com o arraial de São João, os palhaços fazem outros dois encontros temáticos durante o ano, no Carnaval e perto do Natal. Mas todas as semanas, às terças e quintas-feiras, as crianças já ficam na expectativa de receber a visita dos “doutores”, como elas os chamam.
“Eles são muito engraçados e adoro brincar quando estão aqui. Não perco um dia”, contou João Gabriel, de 9 anos, que luta contra a leucemia e fez questão de gravar os companheiros de quarto brincando de maestro com o sanfoneiro.
“A gente brinca com todos os termos médicos, e assim extrai grilos e sapos que, às vezes, estão na cabeça dos pacientes” (Gyuliana Duarte, atriz)
Impulso
Especialista em hematologia, a médica Fernanda Lodi acredita que a mudança de ambiente provocada pelas visitas é essencial para a saúde dos pacientes. “Na pediatria, principalmente, o efeito é muito interessante. As crianças ficam alegres, o que dá um impulso no tratamento”.
Grupo referência em eventos de palhaços profissionais nos hospitais mineiros, o Instituto HAHAHA faz intervenções nas unidades de saúde há seis anos. Para a atriz Gyuliana Duarte, uma das fundadoras, o trabalho busca mudar a realidade por meio do sorriso. “A nossa profissão é divertir quem está internado. Esse é o poder do palhaço, de transformar o local onde está”.
O roteiro das febastas juninas nos hospitais de BH começou na segunda-feira (2) e termina na sexta-feira (6), com um cortejo na Santa Casa.