
Inspirado nos ideais do Iluminismo, que pregava a liberdade política e econômica, o movimento separatista da Inconfidência Mineira nasceu em 1789, em pleno Ciclo do Ouro, na capitania de Minas Gerais.
A revolta colonial contra a Coroa Portuguesa culminou com a execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes -, aos 45 anos, em 21 de abril de 1792.
A insatisfação da elite era por conta da política de altos impostos adotada pela Coroa Portuguesa. Os inconfidentes defendiam a proclamação da República de Minas Gerais, inspirados no modelo construído nos Estados Unidos, como forma de romper com Portugal.
O grupo formado por uma minoria abastada que havia ido estudar na Europa também defendia o perdão das dívidas da elite mineira e o incentivo ao desenvolvimento de manufaturas proibidas pela Coroa como forma de manter a dependência da colônia de Portugal.
A construção de universidades e a libertação de escravos também eram reivindicadas pelos inconfidentes.
Dos 11 homens condenados à morte, dez receberam o perdão real e foram exilados da colônia.
A punição foi mantida apenas para Tiradentes, que teve o corpo esquartejado e a cabeça colocada à mostra na praça principal da antiga Vila Rica. As outras partes do corpo foram espalhadas pela estrada até a cidade.
“O movimento que provocou assombro da Coroa Portuguesa foi sufocado com rigor. Mas, mesmo assim, inspirou outras revoltas pelo país. Tiradentes se transformou em símbolo da República, patriotismo e liberdade”, afirma o historiador e presidente da Associação Nacional de História, Valdei Araújo.
O estudioso e apaixonado pelo tema da Inconfidência Mineira, Márcio Gomes, defende que os ideais da Conjuração Mineira se mantiveram vivos, mesmo após a morte de Tiradentes, inspirando outros movimentos contra a exploração da Coroa Portuguesa.
Entre os movimentos estão a Revolução dos Alfaiates ou Conjuração Baiana, em 1789, resultado da insatisfação das elites com o governo, que prejudicava as atividades econômicas.
Um dos objetivos desses grupos era romper com Portugal, adotar um regime republicano e acabar com o monopólio da Coroa.
Outro exemplo de movimento separatista, anos depois da Inconfidência, foi a Revolução Pernambucana, em 1817. As elites defendiam a República, a manutenção da escravidão e o fim da cobrança de impostos, além da liberdade de expressão.
O reconhecimento de Tiradentes como mártir acontece em 9 de dezembro de 1965, data de sua proclamação como patrono cívico da nação brasileira.
“Uma prova de que a sentença condenatória de Joaquim José da Silva Xavier não desonrou sua memória, pois é reconhecida e proclamada oficialmente como o mais alto título de glorificação do nosso maior compatriota de todos os tempos”, conclui.
Leia Mais