Socorro caro

Internações por acidentes de trânsito custam quase R$ 8 milhões aos cofres de Minas

Perfil das vítimas é majoritariamente masculino: 71% são homens

Bernardo Haddad
@_bezao
Publicado em 02/06/2025 às 07:30.

Em menos de cinco meses, Minas já gastou R$ 7,8 milhões com os custos de internações de vítimas de acidentes de trânsito na rede pública. Até maio deste ano, mais de 22 mil ocorrências foram registradas nas ruas, avenidas e estradas que cortam o Estado, deixando 30.305 pessoas hospitalizadas. Os dados são de um estudo feito pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), em parceria com o Corpo de Bombeiros.

O levantamento mostra que, desde 2017, são gastos em média R$ 39 milhões com internações por acidentes de trânsito por ano. No ano passado, foram R$ 45,5 milhões, maior valor registrado nos últimos 8 anos. 

Na maioria dos acidentes (20.396), as pessoas tiveram ferimentos leves. Em outros 3.276 sinistros, as vítimas envolvidas foram internadas em estado grave. Ao todo, 792 morreram.

Outro recorte do levantamento considera os atendimentos feitos em unidades da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig). Até 15 de maio, 3.287 vítimas de acidente de trânsito foram internadas nas unidades. A maioria é formada por ocupantes de motocicletas: 2.560. Outros 489 eram pedestres, 394 ocupantes de carro, 177 passageiros de ônibus, 109 ciclistas e 47 estavam em caminhões. 

O estudo ainda mostra que o perfil das vítimas é majoritariamente masculino: 71% são homens, e 23% têm entre 20 e 29 anos. Os acidentes normalmente ocorrem de sexta a segunda, sendo o sábado o líder de ocorrências. Em 60% dos casos, as vítimas são motociclistas.

Cirurgias múltiplas

Segundo o médico do tráfego e diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Alysson Coimbra, muitas vezes vítimas de acidentes de trânsito chegam aos hospitais em estado crítico exigindo atendimentos caros.

“Estamos falando de pessoas que chegam para cirurgias em múltiplos tempos, uso prolongado de leitos de UTI e reabilitações complexas. O sistema de saúde, já sobrecarregado, tem deixado de atender outras urgências – como infartos e AVCs – para dar conta dessa demanda explosiva”. 

Além dos custos imediatos, Alysson destaca que o processo de recuperação das vítimas pode ser prolongado. “Lesões graves, muitas vezes potencialmente fatais, não podem ser resolvidas em um único procedimento. Por isso, os atendimentos cirúrgicos são realizados em múltiplos tempos”. 

O médico explica que caso o paciente seja encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a internação pode ultrapassar 30 dias. “Esse tempo é apenas o início de uma longa jornada. A alta hospitalar quase nunca é um sinal de cura plena, mas sim o começo de uma nova etapa de limitações físicas, dores crônicas e impacto psicológico”.

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