
Com os caixões colocados lado a lado, mas ainda ligadas pelo carinho da mãe que passou todo o velório abraçando as filhas, as irmãs Liliane e Viviane Soares dos Santos, de 36 e 42 anos, respectivamente, foram enterradas no fim da tarde desta terça-feira (15) sob bastante comoção, em São José do Almeida, distrito de Jaboticatubas, na região Central do Estado. As irmãs, que morreram em um acidente com um carro do aplicativo Uber no Anel Rodoviário, estavam a caminho da casa da mais nova delas, em Belo Horizonte, onde pegariam um carro e buscariam o pai, que tinha acabado de receber alta de uma unidade de saúde onde estava internado.
O Hoje em Dia conversou com o professor de matemática Lucas Soares, de 33 anos, amigo de infância das vítimas, que contou que toda a comunidade do distrito está arrasada. "Elas eram muito queridas por todos, estamos devastados com essa notícia", afirmou. Ele conta que Viviane perdeu a visão aos 2 anos, após uma meningite. "A Lili era os olhos dela, levava ela para viajar, conhecer os lugares. As duas eram muito unidas, e acabaram morrendo juntas", lembra, emocionado, o amigo.

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A terceira irmã das vítimas, que também é professora, estava em uma viagem a Caldas Novas (GO) com a família para aproveitar o feriado. Após saber da tragédia, ela retornou para o distrito onde a família foi criada e acompanhou o velório, ocorrido na Associação Comunitária de São José do Almeida.
Soares lembra ainda que, durante muitos anos, Liliane trabalhou na única agência bancária do distrito e, por isso, era conhecida pela grande maioria dos moradores do local. "Depois disso ela se mudou, casou e foi para Belo Horizonte, onde tinha uma empresa com o marido. A mãe delas pediu que os caixões fossem colocados um ao lado do outro, e ficou abraçada com as duas desde que os corpos chegaram até o momento delas partirem. Foi tudo muito emocionante", completa.
Pai tinha acabado de receber alta
Ainda de acordo com Lucas Soares, os familiares mais próximos contaram para ele que o pai delas estava internado em BH e, antes do acidente, as duas foram visitá-lo no hospital. "Ele recebeu alta durante a visita e elas o deixaram com a mãe para poderem ir até a casa da Lili. O objetivo era buscar o carro dela, que estava em casa, para poderem buscá-lo. No caminho aconteceu isso", lembra.
Para ele, o motorista do carro de aplicativo, que segue internado no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, foi irresponsável. "Ele passou direto no cruzamento, nem olhou e foi atravessando. Quando se transporta vidas, tem que pensar nisso antes de tentar atravessar em um lugar tão perigoso", lamenta.
O acidente
O acidente entre um ônibus e um carro de passeio na pista marginal do Anel Rodoviário aconteceu nessa segunda (14), na altura do bairro Suzana, região Nordeste de Belo Horizonte. As duas mulheres que morreram estavam em um Toyota Etios, conduzido por um motorista de aplicativo de transporte. Ele teria avançado em um local com placa de "pare", quando foi atingido na lateral por um ônibus suplementar da linha 80 (Jardim Vitória / Estação Vila Oeste).
Por nota, a Uber lamentou o acidente e declarou que está "se solidarizando com os familiares das vítimas neste momento de dor". Segundo a empresa, todas as viagens feitas pelo app são cobertas por um seguro APP, que cobre acidentes pessoais. Em caso de morte, conforme consta no site da empresa, o seguro é de R$ 100 mil.
Veja o vídeo do momento do acidente:
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