O detento Jailson Alves Oliveira, testemunha arrolada pelo Ministério Público, participa nesta terça-feira do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola". Jailson, que dividiu cela com o réu na Penitenciária Nelson Hungria, na mesma cidade, e teria escutado a confissão dele, está no Salão do Júri. Logo no começo dos trabalhos, a magistrada leu o depoimento dado por ele no dia 18 de abril de 2011. O detento ouviu atentamente à leitura.
O advogado Ércio Quaresma interrompeu a leitura e pediu à juíza para que fosse perguntado à testemunha se ela autorizaria o uso da imagem dela. A magistrada lembrou que tal procedimento já era praxe e que faria o questionamento. Em seguida, a juíza retomou a leitura.
Durante essa etapa, foram relembradas as denúncias feitas por Jailson, sobre o plano de "Bola" para matar a juíza Marixa Fabiane e o deputado Durval Ângelo, com ajuda do traficante "Nem da Rocinha", no Rio de Janeiro.
Outra denúncia feita pelo detento era o de que na penitenciária havia vários celulares e que o acusado tinha um e falava sempre com outras pessoas, uma delas a mulher dele. Jaílson confirmou que prestou tal depoimento e confirmou as ameaças apresentadas na época.
Em seguida, a juíza Marixa Fabiane fez a leitura de um outro depoimento feito pelo detento dois meses depois, em junho de 2011. Desta vez, uma das alegações de Jaílson era de que "Bola" teria contado a ele que era inimigo do delegado Edson Moreira desde a época em que trabalharam juntos na polícia de São Paulo.
Outra denúncia era de que os celulares chegavam até o presídio por meio dos agentes penitenciários ao preço de 2 mil reais. Jaílson novamente confirmou a veracidade do depoimento prestado.
Marixa Fabiane deu sequência, apresentando outro depoimento de Jaílson, datado de 25 de outubro de 2012, em uma delegacia de Ribeirão Neves, na Grande BH. Na época, ele contou que o goleiro Bruno Fernandes teria um plano de matar também o filho dele com a modelo Eliza Samudio, Bruninho.
O detento contou ainda que foi ameaçado de morte e que recebeu um aviso vindo de "Bola" e que temia pela sua vida. Ele contou ainda que soube da morte de Graziele, uma mulher que ficou conhecida na imprensa como babá de Bruninho. Além disso, ele afirmou que outra testemunha já teria sido morta. A vítima teria sido Serginho, o primo do goleiro Bruno Fernandes.
Jaílson revelou também saber que Bruno seria o financiador do tráfico de drogas no bairro Liberdade. "Macarrão" e Cleiton seriam traficantes no bairro e continuariam atuando na região com a venda de entorpecentes, segundo o depoimento.
Ele disse que na época do depoimento achava que a babá Graziele poderia ter sido morta por tráfico de drogas pois era usuária de entorpecentes. Jaílson, novamente, confirmou as informações.
A juíza prosseguiu, então, para uma outra leitura, de um depoimento ocorrido em 2012, no plenário do júri em Contagem, na Grande BH. Na ocasião, o detento explicou que não conhecia o traficante Nem da Rocinha e em nenhum momento afirmou poder reconhecê-lo por uma tatuagem no braço com o desenho de uma ave.
O detento Jaílson Alves de Oliveira estava, nesta época, recolhido na enfermaria de uma penitenciária de segurança máxima, pois estaria sendo ameaçado de morte por Bruno. As ameaças aconteceram em uma ocasião em que estava tomando banho de sol na porta da enfermaria. O atleta teria dito, ao passar por ele, escoltado por agentes "Oh, Jaílson. O que é seu tá guardado, você não sabe com quem está mexendo".
A testemunha teria escrito uma carta - por dois dias seguidos - pedindo para fazer um boletim de ocorrência relatando o caso, mas não foi atendido pela diretoria do presídio. Mais uma vez, ele confirmou as informações.