Conhecer Lamim, no Vale do Piranga, é voltar os olhos para o passado e mergulhar na religiosidade do Brasil Colônia. A Festa do Divino é uma das mais famosas tradições da comunidade e sua história se confunde com a fundação do município.
Os moradores contam que, em 1710, três bandeirantes portugueses, da ilha de São Miguel, nos Açores, chegaram à região. E, à noite, temendo a forte tempestade que açoitava o lugar, fizeram a promessa de dedicar a terra recém-descoberta ao Divino Espírito Santo, de quem um deles era devoto.
Na manhã seguinte, sãos e salvos, os bandeirantes ergueram a bandeira do Divino pela graça recebida e cumpriram a promessa. Era o Dia de Pentecostes e Lamim se tornou a “terra do Divino Espírito Santo”, onde todos os anos deveria haver uma grande festa naquela data.
Festa de Pentecostes
Para os católicos, a solenidade de Pentecostes, lembra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos em Jerusalém, na forma de um vento forte e línguas de fogo que pousavam sobre cada um deles, explica a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É a “festa da unidade na diversidade, é a festa da luz diante das trevas do pecado e da morte.”
O nome da cidade é o sobrenome de um dos bandeirantes, José Pires Lamim, que morreu jovem, aos 25 anos. Os dois amigos ergueram uma capela do Divino, com o altar-mor sobre a sepultura do companheiro para que ele sempre fosse lembrado. Durante 50 anos, os festejos eram na fazenda do bandeirante José Francisco Rêgo.
Mas a fama dos milagres do Divino fez com que muitos fiéis desejosos de alcançar uma graça pedissem para se tornar festeiros. E uma igreja foi construída, além de uma grande casa, que abrigava o imperador do Divino (o festeiro sorteado), onde ele podia organizar os preparativos da festa e da cavalhada.
O feijão divino
A devoção ao Divino, celebrada no Dia de Pentecostes, é comum em várias cidades brasileiras, como herança portuguesa. Mas em Lamim, ela tem um significado ainda mais especial.
Em 1801, ninguém quis se apresentar para ser sorteado como imperador. E o festeiro do ano anterior tinha dinheiro para fazer mais uma festa. Brás da Cunha Teixeira resolveu aumentar a plantação de feijão, rezando para que a colheita fosse farta, para que ele pudesse fazer a festa do Padroeiro.
O imperador teve uma grande surpresa ao colher os grãos do cereal, que tinham uma pomba estampada; E os devotos entenderam que estavam diante de um milagre do Divino Espírito Santo que causa admiração em todos que veem o feijão até hoje.
Se você duvida, vá conferir a festa do Divino em Lamim, neste domingo. Veja a programação da Matriz do Divino Espírito Santo, acompanhe os festejos e a eleição do novo imperador para o ano que vem.
- 6h - Alvorada e repique de sino
- 8h- Missa
- 9h - Cortejo do Reinado
- 10h - Missa de Pentecostes
- 15h Missa dos Romeiros e Devotos do Divino; procissão do Divino, Bênção do Santíssimo e Escolha do Novo Imperador.
E aproveite para conhecer cachoeiras e imponentes fazendas históricas que integram o Circuito de Villas e Fazendas. Lamim fica a 160 km de BH e o acesso é pela BR-040 e BR-482.
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