Michel Teló vai se apresentar na capital mineira no domingo, ao lado da dupla Clayton e Romário (Reprodução/Instagram Michel Teló)
Às vésperas do Carnaval, a participação cada vez maior de bandas e artistas de fora da capital mineira na folia é motivo de polêmica. Nesta quarta-feira (7), a Liga Belorizontina de Blocos Carnavalescos manifestou "preocupação" com as apresentações dos sertanejos Michel Teló e Clayton e Romário.
Para a Liga, que representa oito dos principais blocos de BH, a presença dos forasteiros é classificada como uma "invasão". Os grupos também destacam as dificuldades financeiras para manter os cortejos, enquanto os artistas nacionais contam com grandes patrocinadores.
Diretor de relações institucionais da entidade, Geo Ozado cobra mais atenção para o que que está ocorrendo. "Os verdadeiros realizadores da folia, os blocos de rua, escolas de samba e blocos caricatos ficam ameaçados diante desta invasão. Os artistas nacionais, com grandes marcas patrocinando, tomam espaço e se apropriam de algo que não foi construído por eles", diz.
Fundador do Baianas Ozadas, Geo Ozado afirma que Belo Horizonte corre o risco de seguir o exemplo de outras cidades, como Salvador, que inicialmente viu o Carnaval crescer, mas hoje enfrenta uma desvalorização dos artistas locais.
“Temos um exemplo lamentável, que é o histórico bloco Ara Ketu, que não vai sair neste ano em função desta desvalorização e do desrespeito ao legado que construiu para o Carnaval da capital da Bahia. Não podemos deixar isso acontecer em BH”, reforça.
A Liga Belorizontina cobra a necessidade de se valorizar e apoiar os artistas e blocos locais. Segundo o grupo, o objetivo do manifesto é convocar as autoridades e a população a refletir sobre o assunto. “A presença massiva de artistas de fora ameaça a autenticidade e a identidade cultural do Carnaval de rua de Belo Horizonte”, acrescenta Ozado.
Fundada em 2019, a Liga Belorizontina de Blocos Carnavalescos tem como associados os blocos Baianas Ozadas, Funk You, Bartucada, Batuque Coletivo, Baianeiros, Os Baianinhas e Arrastão Eletrônico, além da Banda Mole.
O Hoje em Dia fez contato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), mas não houve retorno.
Por nota, o Beagá na Folia, responsável pelas apresentações dos blocos Clayton & Romário e Bem Sertanejo com Michel Teló informou que "agradece" a Liga Belorizontina de Blocos Carnavalescos por expressar preocupações sobre a presença de artistas nacionais.
"Entendemos e respeitamos a importância de preservar a autenticidade e valorizar os artistas locais que têm sido os pilares do Carnaval de rua de Belo Horizonte ao longo dos anos. No entanto, acreditamos que é fundamental reconhecer que a inclusão de artistas nacionais pode trazer benefícios significativos para a diversidade, economia e visibilidade, atraindo assim ainda mais publico, patrocinadores e demais colaboradores ao nosso Carnaval que vem crescendo e se destacando cada vez mais".
O Beagá na Folia informou que o objetivo não é desvalorizar ou substituir a contribuição dos artistas locais, mas sim complementar e enriquecer a experiência carnavalesca na cidade.
Segundo eles, a diversidade é essencial para o crescimento e a vitalidade do Carnaval. "Continuaremos comprometidos em apoiar e promover os talentos locais, enquanto buscamos oferecer uma experiência carnavalesca inclusiva e emocionante para todos os foliões. Estamos abertos ao diálogo e à colaboração".
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