traumatismo craniano

Madrasta e pai do menino Ian são indiciados por homicídio duplamente qualificado

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
02/03/2023 às 20:47.
Atualizado em 02/03/2023 às 20:58

A Polícia Civil (PC) concluiu o inquérito policial que investiga as causas da morte do menino Ian Rocha de Almeida, em Belo Horizonte, em janeiro deste ano, vítima de traumatismo craniano. A madrasta e o pai da criança foram indiciados por homicídio doloso duplamente qualificado, por recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por violência contra menor de 14 anos. O casal foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPG). A motivação do crime não foi identificada.

Segundo as investigações da PC, exames médicos apontam que a madrasta golpeou o menino por trás, com um objeto contundente, não identificado. Ao acertar a nuca da criança, ocorreu uma lesão muito extensa, desde a base da coluna cervical até o meio da cabeça, informou o delegado responsável pelo caso, Diego Lopes, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente.

A Polícia descobriu ainda que o pai de Ian não estava no imóvel no momento das agressões, mas foi indiciado pela prática dos mesmos crimes. De acordo com as apurações, ao chegar em casa, em 8 de janeiro, Márcio encontrou Ian inconsciente e vomitando no sofá. Ainda assim, ele demorou cerca de três horas para socorrer o filho, que chegou ao hospital Risoleta Neves em estadod e coma. Ian teve duas paradas cardiorrespiratórias e morreu dois dias após a internação.

"Com certeza essa omissão foi determinante para que a morte do menino Ian acontecesse. Os resultados teriam sido outros se ele tivesse sido imediatamente socorrido quando Márcio chegou em casa. Ele tem a obrigação legal de prestar auxílio ao filho e vai responder pela prática do resultado, que foi a morte”, observou o delegado.

Agressões constantes
Em coletiva com a imprensa, Diego Lopes revelou que Ian era vítima frequente de agressões e que a família vivia em uma situação corriqueira de maus-tratos. Segundo o delegado, a madrasta apresentou a versão de que a criança teria escorregado no chão engordurado, o que foi descartado pela perícia.

"Não é compatível. A perícia comprovou que o trauma na cabeça do Ian não poderia ter sido causado por queda da própria altura. Ele teve uma fratura no crânio”, detalhou o delegado.

O casal também costumava inventar histórias para a mãe de Ian para disfarçar as agressões recorrentes. Mas apesar da gravidade da situação em 8 de janeiro, de acordo com Diego Lopes, o casal pensou que conseguiria contornar o crime.

A Polícia Civil informou que Márcio já era investigado por agressão contra a criança, em ocorrência registrada em 2022.

Ainda durante a coletiva, a chefe do Departamento de Família da PC, Carolina Bechelany, fez um alerta para a população e destacou a importância de familiares e vizinhos denunciarem às autoridades qualquer indício de maus-tratos contra menores de idade.

"É importante que as pessoas entendam a responsabilidade em denunciar às autoridades os casos em que sabem, ouvem ou suspeitam de agressões, para que possamos investigar se, de fato, há alguma coisa envolvendo essas crianças e evitar um resultado como o que aconteceu com o menino Ian. Para chegar em um resultado como esse, normalmente, já existe ali um históŕico de violência”, alertou Carolina.

Denúncias de violência contra menores podem ser feitas na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente.

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