Mais 174 toneladas de minério são despejadas em córrego em Santo Antônio do Grama

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
30/03/2018 às 20:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:06
 (Divulgação / Defesa Civil / Gilvan de Assis)

(Divulgação / Defesa Civil / Gilvan de Assis)

Enquanto a retirada das 300 toneladas de minério no córrego Santo Antônio do Grama sequer havia sido concluída, outras 174 toneladas foram despejadas no curso d’água do município de mesmo nome, na Zona da Mata, na noite da última quinta. As substâncias do segundo vazamento do mineroduto da Anglo American em menos de um mês chegaram até uma fazenda na região e devem atingir o rio Casca, segundo informações da Defesa Civil da cidade.

As atividades da empresa foram suspensas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e só serão retomadas quando a mineradora apresentar laudo que ateste segurança. Os 529 quilômetros do mineroduto da Anglo American serão rastreados após o vazamento. A inspeção, feita no interior de toda a tubulação, que vai de Conceição do Mato Dentro, em Minas, ao Porto de Açu, no Rio de Janeiro, durará pelo menos 30 dias, de acordo com a empresa. 

O acidente não afetou o abastecimento de água, que estava sendo feito pelo ribeirão Salgado desde o primeiro vazamento. O córrego também era utilizado pela população para pesca e irrigação de plantações nas zonas urbana e rural, conforme o coordenador da Defesa Civil de Santo Antônio do Grama, Gilvan de Assis. “A situação está controlada, mas alertamos a população para evitar contato com as águas do rio”, diz.

Segundo o presidente da companhia, Ruben Fernandes, o rompimento é considerado completamente mitigável. O vazamento ocorreu no primeiro dia em que a empresa voltava a transportar minério na tubulação, a 400 metros do anterior. 

Atividades da empresa foram suspensas pelo Ibama e só serão retomadas quando a mineradora apresentar um laudo que ateste segurança; segundo a Anglo American, o rompimento é considerado “completamente mitigável”

Fernandes afirma que a empresa fez todos os testes antes de retomar as operações. “Nós fizemos três dias de testes com água, antes de começarmos a transportar o minério novamente e não houve nenhum problema. Estávamos no primeiro dia de operação com a substância quando ocorreu o rompimento”. Para que os trabalhos fossem normalizados, seriam necessárias 72 horas. 

De acordo com a empresa, a estrutura que rachou no início do mês foi substituída e as tubulações próximas passaram por inspeção de ultrassom. A equipe já estava em campo cumprindo o plano de ação quando houve o segundo vazamento. “Eles mesmos avisaram a sala de controle que cortou a polpa de minério e bombeou água para estancar”, afirma o presidente da companhia.

Estudos e férias

A empresa realiza estudos para identificar as causas do rompimento. “O mineroduto tem somente quatro anos de operação, por isso achamos que não é ação do tempo nem tem conexão com as chuvas”, acrescentou Ruben Fernandes. 

Após a notificação feita pelo Ibama, a empresa concedeu férias coletivas para os funcionários por, no mínimo, um mês. Ao todo, 2.500 trabalhadores atuam na região. 

Impactos

Uma equipe do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais do Ministério Público de Minas Gerais foi até o local para avaliar os impactos do rompimento para o meio ambiente e a população. Um relatório será feito mostrando que medidas devem ser tomadas. A empresa já havia tido R$ 10 milhões bloqueados pela Justiça, em Ação Civil Pública ajuizada pelo MP para garantir reparação e indenização dos danos.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) também enviou uma equipe para avaliar a situação e adotar as medidas ambientais cabíveis.

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