A morte do gari Laudemir de Souza Fernandes completa um mês nesta quinta-feira (11). O trabalhador foi assassinado em serviço pelo empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, que confessou ter disparado contra o profissional utilizando a arma da esposa, a delegada Ana Paula Lamêgo Balbino. O crime ocorreu em 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, na região Oeste de Belo Horizonte.
Renê foi indiciado por três crimes: homicídio duplamente qualificado, ameaça contra a motorista do caminhão de coleta de lixo e porte ilegal de arma de fogo. A pena total pode chegar a 35 anos de prisão.
Após o crime, o empresário “seguiu a rotina” e continuou o dia como se nada tivesse acontecido. Renê foi visto no trabalho, com um sorriso no rosto, e também passeando com dois cachorros. Depois, ainda foi para a academia, onde foi preso.
Ao ser levado para a delegacia, Renê mandou mensagens para a esposa pedindo para que ela entregasse uma arma diferente da que foi utilizada no crime. "Entrega a nove milímetros. Não pega a outra. A nove milímetros não tem nada", escreveu, referindo-se à outra arma da delegada. Segundo o inquérito, Ana Paula não respondeu nem atendeu ao pedido do marido.
Antes de ser preso, o empresário ainda mandou outra mensagem para a esposa, tentando negar o crime: "Estava no lugar errado na hora errada. Amor, eu não fiz nada".
A polícia confirmou que a arma utilizada seria da esposa do empresário. Ela foi indiciada pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, ao ceder o armamento ao marido.
Conforme previsto na Lei do Desarmamento, o crime prevê pena de 2 a 4 anos de prisão. Porém, por ela ser servidora pública, poderá ter a pena aumentada por até mais dois anos.
Fascínio por armas
O empresário Renê Júnior tinha “fascínio” por armas e distintivos. Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil, a investigação encontrou fotos do empresário “ostentando” equipamentos de trabalho da esposa delegada. As imagens chegavam a ser compartilhadas em mensagens no celular.
“Tivemos acesso a algumas imagens em que ele exibe armas de fogo antigas, não necessariamente essas que estão no caso, mas ele tinha um fascínio pelo cargo que a esposa ocupa. Ele exibia o distintivo da esposa em mensagens”, disse o delegado Evandro Radaelli.
Empresário pesquisou sobre o crime e ouviu rádio
Renê acessou a internet para pesquisar sobre o crime e ouviu rádio para acompanhar o noticiário policial com a repercussão do caso logo após o crime. Conforme a PC, o histórico registrado no celular do indiciado, mostrava a palavra ‘‘gari’’ e o endereço da rua onde ocorreu o assassinato.
"Após a prática do crime, já no início da tarde, ele fez diversas pesquisas no telefone referentes à consequência do que ele havia praticado. Então, concluímos que ele teve sim ciência de que havia cometido um homicídio. Ele, inclusive, pesquisou o nome da rua em que estava na hora do crime”, afirmou o delegado Evandro Radaelli.
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