Minas é um dos alvos de megaoperação contra sonegação fiscal bilionária no setor de combustíveis
Operação “Poço de Lobato” cumpre mandados em cinco estados para desarticular esquema de R$ 70 bilhões em lavagem de dinheiro
A Receita Federal, em conjunto com órgãos parceiros, deflagrou nesta quinta-feira (27) a Operação Poço de Lobato, que mira um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.
O estado de Minas Gerais é um dos alvos da ação, junto com São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Bahia. No total, estão sendo cumpridos 126 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas.
O grupo investigado figura como o maior devedor contumaz do país, com débitos que superam R$ 26 bilhões em tributos. Além disso, as apurações indicam que, por meio de complexas operações financeiras, o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano.
Esquema e fraudes
A investigação abrange todos os níveis da cadeia de combustíveis, desde a importação até a comercialização ao consumidor final. O grupo, que possui núcleo no estado do Rio de Janeiro, tem atuação em praticamente todo o território nacional, incluindo Minas Gerais.
O esquema utilizava importadoras como intermediárias, que adquiriam no exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel. Apenas entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis. Paralelamente, formuladoras, distribuidoras e postos de combustíveis vinculados à organização sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de venda, ampliando o impacto das irregularidades sobre a arrecadação e a concorrência no setor.
Os valores do grupo eram concentrados em empresas financeiras controladas por ele próprio. O dinheiro ilícito era então reinvestido em negócios, propriedades e outros ativos por meio de fundos de investimento e empresas offshore em jurisdições como Delaware, nos Estados Unidos, para dar aparência de legalidade e dificultar o rastreamento.
Medidas cautelares
Para garantir a recuperação do crédito tributário, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira/SP) obtiveram o bloqueio de mais de R$ 10,2 bilhões em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos.
A Operação Poço de Lobato mantém investigação a empresas e pessoas ligadas à Operação Carbono Oculto, realizada em agosto de 2025.